quinta-feira, dezembro 21, 2006

Natal


Adoro o Natal.

Esta época em que se tenta, de alguma forma, tocar em certos pontos que a humanidade, em geral, se esqueceu. Não é todos os dias, mas pelo menos é num em especial.


No entanto, o elan que tinha o meu Natal de infância é diferente agora.

Lembro-me da magia das luzes que me ofuscavam, da paz das cantilenas, do frio que me aquecia o coração, do Natal dos hospitais, do sapatinho debaixo da árvore, do meu "cordeirinho" no nosso presépio.


Hoje é diferente. Diria que é um Natal da abundância. Em que tudo é demais e em demasia.

Lembrei-me hoje dum Natal em especial, em que os meus pais, por ter sido um ano difícil, nos disse que as prendinhas eram poucas. Mas para mim, ainda hoje foram muitas. E dei comigo a pensar que aquele Natal foi especial, não porque foi pobre, mas porque as prendas valeram mais, valeram pelo espírito do verdadeiro Natal. Em o que interessa é o gesto e não o tamanho da mesma. E não me esqueço que quando Jesus nasceu, foi em palhinhas e não num berço de ouro.


Desejo ao mundo o dobro que desejo-me a mim. Um Santo Natal!Bloga-me isto!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

terça-feira, dezembro 12, 2006

Frase do Dia III

"Se a escada não estiver apoiada na parede correcta, cada degrau que subimos é um passo mais para um lugar equivocado."
Stephen Covey

Vivemos num tempo...


Vivemos num tempo em que tudo se processa com o chamado "pé atrás". Imagino que isso se deva a uma precaução de segurança, que decorre da dita segurança ser insegura. Passa pelas actividades normais diárias, como andar de carro, passear o cão, levantar dinheiro no Multibanco, até às próprias relações humanas, em que somos levados a provar que somos “normais” e não o contrário, como seria expectável (claro que tem de se explicar o que é ser normal também…).
Que raio de sociedade é que estamos a construir? Que sensação de liberdade é esta, que muitos propalam, mas que no dia-a-dia estamos constantemente a violar? Que sensação de liberdade é esta que as fechaduras de nossa casa são tantas que os nossos porta-chaves mais parecem os carrilhões da Torre dos Clérigos? Que sensação de liberdade é esta que olhamos para o nosso semelhante com a ideia de ser um “predador” de qualquer tipo e só após o conhecermos (bem) é que confiamos nele?
Estaremos mais seguros que no passado, só que são desafios diferentes ou realmente estamos a criar muros cada vez mais altos porque temos “Medo”? E qual a origem desse “Medo”? E quem é que é responsável pelo “Medo”, que logo, é o único que nos pode livrar desse “Medo”? Porque temos “Medo”?
Porque nos escondemos atrás de máscaras? Porque não podemos mostrar quem realmente somos? Porque é cada vez comunicamos mais, e há mais tecnologia nesse sentido, mas cada vez nos isolamos mais e nos sentimos mais sozinhos? Porque é que cada vez mais se gosta de protagonismo mas, no entanto, a nossa privacidade tem de ser respeitada? Porque é que cada vez mais se renega Deus, mas depois fica aquela sensação de vazio? E como preenchemos esse vazio?
São apenas perguntas. As respostas, cada um deve ter. Dentro dessa privacidade que cada um gosta. Bloga-me isto!

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Paternidade


Haverá amor mais desinteressado do que dum pai?
Pedaços de nós que brotam em outras vidas, mas que valem muito mais. Valem porque estamos dispostos a perder a nossa, se for necessário. Legados que ficam e que nos tornam imortais. É através dos nossos filhos que abarcamos a imortalidade.
No seu sorriso, vemos a nossa felicidade. No seu choro, o nosso pranto. Nas suas conquistas, alcançamos mais longe. Nas suas quedas, as nossas fraquezas.
Digo isto porque sou pai. Tive essa graça de Deus.
Hoje sou diferente. Hoje vejo o mundo com outros olhos, mas o mundo é igual, só que as suas prerrogativas é que mudaram. Como mudaram! Nada à volta pode ser indiferente. Nada do que se diz pode ser irreflectido. Nada do que se faz é desvalorizável. Porque eles estão ali, a olhar-nos, a analisar-nos, a absorver-nos. Mentes ávidas de modelos e experiências, sedentos de carinho e atenção. Faz-nos sentir importantes mas impotentes. Como dizia o outro:”Não nascem com manual de instruções!”
Amo-os com todo o meu ser e toda a minha alma. Só podem ter de mim o meu melhor. Devo-lhes isso. Porque me dão sentido. Porque por eles viverei eternamente! Bloga-me isto!

terça-feira, dezembro 05, 2006

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Frase do Dia II

"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita."
Mahatma Gandhi

Queria-te fazer uma melopeia...


Queria-te fazer uma melopeia. Encerrar numa mescla de vocábulos o resumo do que não tem palavras.
Há coisas que não se fazem, olham-se.
Há coisas que não se dizem, sentem-se.
Há coisas em que os 5 sentidos não chegam. Não se consegue tocar o inteligível. Não se consegue explicar o destino que nos juntou, e no entanto aqui estamos. O realismo das nossas vidas só consegue sobreviver porque no âmago de nós, há mais para além do que vemos.
Existimos mas não separados. Vivemos mas também sobrevivemos, no dia-a-dia, na correria, no cansaço. Há coisas que não fazemos, mas no fundo sabemos que fazíamos. Adia-se mas não se esquece. Contigo descanso mas também me canso. Somo mas também subtraio o que multiplico para dividir. As nossas contas não são certas. Nós somados dá quatro. Nós divididos não dá nada.
Queria-te fazer uma melopeia. Mas à falta das palavras, fica a vontade de viver a teu lado…

terça-feira, novembro 28, 2006

Ironias...

Reparem bem no chapéu da vitima...

segunda-feira, novembro 27, 2006

Livre




Tudo que em mim encerrava
Aprisionado estava
Queria falar e explicar
Mas onde poderia estar?
Meu canto criei
Meu mundo propalei.
Agora sou mais livre
Duma forma que nunca estive.
Abri-me e soltei-me
Escancarei e mostrei-me
Sou verdadeiro no que escrevo
Porque é da alma este acervo.
Agora que caminho
Sei que rimo
Estou feliz por partilhar
Aquilo que tenho para dar
Para ti, sei que existo
Aqui, no Bloga-me isto!

terça-feira, novembro 21, 2006

Frase do Dia

"A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos."
George Bernard Shaw

Procrastinare



Procrastinação.
Eis uma palavra que me descreve tão bem e, no entanto, só este fim-de-semana é que a aprendi. Como certas das nossas características, que às vezes tão enraizadas em nós estão, que as julgamos difíceis de explicar, e de repente, uma palavra as define, qual luz na escuridão. E esta minha característica há muito a tinha atirado para o negrume do meu ser. Mas, inevitavelmente, ela não desaparece, porque o lixo debaixo do tapete não se esfuma.

Procrastinação não é mais do que o acto de adiar. E ninguém o faz tão bem (ou será tão mal) como eu. Em meu peito bato Mea Culpa. E na minha cabeça, se pudesse, deveria ser um maço. Desta forma, me confesso ser um “procrastinante”. Para ser mais preciso, deveria incluir compulsivo. Mas a própria cobardia que me torna procrastinante, é a mesma que não quer revelar a agudeza da minha particularidade. O próprio nome parece ser feito para mim: Pró-castro!

Mas é tempo de a enfrentar. Assim, como tive a felicidade de lhe conhecer o nome, é tempo de elimina-la de dentro. É que esta característica trabalha na sombra. Qual cicuta que vai envenenando o espírito. E como qualquer coisa que vicia, carece de um período de purga, de desmame, de destilação deste veneno que se espalhou até à mais pequena célula. Declaro-lhe daqui, qual grito de ipiranga, a minha independência ao seu domínio. Vou torna-la torpe a para poder defecar, e depois, bem no fundo da sanita, a enviarei para o fundo dos oceanos (que me perdoem os peixinhos!). Não sei se existem os Procrastinantes Anónimos porque poderia, então, dar o meu contributo.

Como alguém disse: “Se queres ser feliz amanhã, tenta hoje mesmo”. Nunca foi tão verdade para mim. Bloga-me isto!

terça-feira, novembro 14, 2006

Love is Blindness

Love is blindness, I don't want to see
Won't you wrap the night around me?
Oh, my heart, love is blindness.

In a parked car, in a crowded street
You see your love made complete.
Thread is ripping, the knot is slipping
Love is blindness.

Love is clockworks and cold steel
Fingers too numb to feel.
Squeeze the handle, blow out the candle
Love is blindness.

Love is blindness, I don't want to see
Won't you wrap the night around me?
Oh, my love,
Blindness.

A little death without mourning
No call and no warning
Baby, a dangerous idea
That almost makes sense.

Love is drowning in a deep well
All the secrets, and no one to tell.
Take the money, honey...
Blindness.

Love is blindness, I don't want to see
Won't you wrap the night around me?
Oh, my love,
Blindness.

By U2

segunda-feira, novembro 13, 2006

Quem matou a Política?


Houve alturas em que me entusiasmava a Política. Vivia intensamente os seus meandros, as suas contradições, as suas batalhas. Dum lado estava o bem, e do outro, o mal. Apaixonava-me as discussões ideológicas, que acalorava no confronto próximo de eleições. Houve um tempo, em que as secções mais interessantes dos jornais eram as políticas e a dos artigos de opinião. Em que ficava furioso quando a demagogia era latente, e radiante quando a crítica era favorável. Respirava-a. Nutria-a e ruminava-a. Tinha orgulho de algumas das minhas primeiras palavras em criança terem sido de partidos políticos (e logo dos correctos), e de que tinha lido “A República” de Platão, “O Príncipe” de Maquiavel e “A utopia” de Thomas More.
Havia um tempo! Mas não há mais.

Acabou-se o encanto. O fastio tomou o lugar da paixão. A fleuma ao fervor. Pergunto-me muitas vezes o que ocorreu. Terá sido o peso da idade, a maturidade de ver cinzento onde antes só havia branco e preto? Terá sido o laxismo, o conformismo da vida sedentária, a primazia de outros motivos?
Minha resposta inclina-se por outro lado. Tal assunto que me enchia, e que me deixa, hoje em dia, nostálgico, não podia ser abalado pelos ventos da maturidade. Nem me fazia sentir agerásico.

Não! Acho que são os protagonistas desta Política actual. É uma era em que a demagogia e populismo de esquerda tem mais protagonismo, em que se faz recauchutagens de velhos senis e gastos, em que os complexos de Abril continuam enraizados, numa imprensa dominada por uma facção, em que o imediatismo da nossa sociedade impõe políticas a curto prazo, que quem é bom não se quer imiscuir com deputados e ministros de currículo parco e sinuoso, de camaradagem em vez de capacidade, de populismo em vez de ideologia.
Não há quem me arrebata para dentro da carruagem de novo. Não espero D. Sebastião, mas também não me sinto Velho do Restelo. Com raríssimas excepções, a cena política nacional veste-se de fato cinzento. Pena é que os cérebros também não o sejam.

Hoje estou numa cadeira incómoda. Não me sento em nenhuma mesa. E sinto falta disso. Não me repasto numa iguaria de ideias, regada com combatividade e servida quente. Só vejo buffets de frios, acompanhados de coca-cola.

E sinto-me responsável por isso! E por tal, Bloga-me isto!

Crossroad


Onde tenho andado? Em que vias me tenho perdido?
O que mais importante é que as nossas próprias coisas, sem que tenham a devida atenção?
A vida tem mais que um caminho, mais que uma encruzilhada por dia, mais entroncamentos sem prioridade, em que nos perdemos, perguntamos por direcções, chocamos com o alheio.
A simplicidade do confuso, uma VCI em hora de ponta, um acidente sem culpa, que nos afasta daquilo que amamos.
Mas necessitamos de entrar por vias secundárias, fugindo das principais, de vez em quando. É nelas em que nos encontramos. É nelas que nos testamos. Muitas vezes, em que cortamos caminho.
A vida tem mais que um caminho. E aqui, nunca me perco.
Bloga-me isto!

quinta-feira, outubro 26, 2006

B(r)anco é...


Recebi esta carta que foi enviada por alguém ao BES. Por ser muito verdade e devido à criatividade com que foi redigida, achei que a devia colocar aqui por concordar com ela. Hei-de um dia escrever igualmente sobre este assunto, mas por ora, aqui fica esta pérola:

"CARTA ABERTA AO BES

Exmos Senhores Administradores do BES

Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia. Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado. Que tal? Pois, ontem saí do meu BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples. Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço. Além disso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por guardar pão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro. Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco. Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão. Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri. Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar. Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta". Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria. Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos cobravam "por fora", o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos. Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro". Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobraram-me uma taxa de 1> EUR> . Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5> EUR> "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua". A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25> EUR> a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quente". Mas, os senhores são insaciáveis. A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer. Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações do v/. Banco. Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma? Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial eprofissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc, etc, etc. e que apesar de lamentarem muito e nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco dePortugal. Sei disso. Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados. Sei que são legais. Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma."
Falou e disse Bloga-me isto!

terça-feira, outubro 24, 2006

V de Vale a pena


Um filme que vi recentemente e que aconselho. Pena a parte dos gays mas é um grande filme. Valeu!

sexta-feira, outubro 20, 2006

Cultura plastificada


Como sempre, estou muito atento ao que se passa na minha cidade, fácil de se verificar, como sendo a mui nobre, invicta e sempre leal cidade do Porto.

E como tal, não posso deixar de comentar o que se passou no teatro Rivoli. No entanto, para o comentar, terei que descer uns degraus para o cerne da questão, ou seja, a cultura. Não a dos campos (excepto dos Elísios) mas sim o vulgo para expressões de arte.

Confesso, e já o referi algures, que sou um gajo básico. Mas nem acho que seja muito diferente dos comuns mortais que, lado a lado, partilho o espaço deste bonito país que é Portugal, e sendo um pouco mais arrojado, o dito mundo Ocidental. Digo isto porque me confunde ver certas “expressões” de arte. Ponho entre aspas para dar um sentido mais lato à palavra. Dou um exemplo. Estava a ver as notícias num certo canal quando, a propósito de certo certame “artístico”, vi uma jovem a regurgitar papel, que tinha estado a enfiar na boca. Não sei se tive azar de apanha-la no meio do almoço (as fibras fazem bem) e da moçoila não ter gostado da gramagem ou da cor do papel, mas a verdade é que associei aquilo ao que alguns seres chamam arte. Não seres mortais (como eu), mas seres “Que da lei da morte se vão libertando” à custa destas “expressões” (podem imaginar a expressão da cara da artista). Acredito, piamente, que aquilo tenha alguma mensagem, mas se é atractivo para o povão, tenho as minhas dúvidas.

Exemplo número dois. Estive certo dia numa exposição de pintura, no museu de Serralves, e no centro duma parede estava um quadro branco. Ao longe, até pensei que estava a ver desfocado. Por isso, aproximei-me, colei o meu nariz para ver se ao menos haveria alguma coisa microscópica naquela tela, mas nada encontrei. Branco. Como possivelmente a inspiração do artista naquele dia, ou como a minha imaginação na maior parte das vezes. Mas daí a baptizar a obra (porque de certo foi um acto de obrar) e depois a dar a ver ao mundo, vai um grande passo (para ele foi pequeno porque não precisou de fazer muito).

Resumindo, manifestações como estas são para um número muito (mas mesmo muito) pequeno de pessoas que, de uma forma geral, e talvez por terem fumado umas ervinhas a mais, acham que aquilo é arte, e estão dispostas a pagar para ver. E é aqui que tudo se resume. O pagar!

O que tal grupo teatral Plástico pretende é impedir que o nosso Rivoli seja gerido por uma empresa privada. Isso, para estes artistas, é mau. Claro que os compreendo. Ter um privado a gastar dinheiro público, é pecaminoso. Lucro nas artes, sacrilégio. Tentar que os programas de espectáculos sejam populistas (porque muita gente significa muitas receitas), que infâmia! Assim como compreendo que foi desmesurada o envio de 100 polícias para os tirar da sala. Pois eles só estão habituados a ter à volta de 50 pessoas no público (com uma boa casa), foi nitidamente desproporcionado. Mas lá conseguiram ter alguma publicidade, a “Rivolição” não passou mais de uma reciclagem destes “plásticos”, e no próximo espectáculo já terão, em vez de 50 pessoas, mais umas dez, ganhos aos polícias lá que foram, pois viram por lá umas miúdas bem boas.

É triste que os artistas, apoiados por uma classe de pseudo-intelectuais, continuem a fabricar uma espécie de arte para alguns, e reclamem apoios para subsistirem. Para isso, existe (infelizmente) o rendimento mínimo. Se querem ter apoios, encham salas, museus, ruas, encontrem nas pessoas comuns lugar onde desenvolver a vossa veia criativa, e para aqueles que gostem de ver “vómitos de papel” dêem-lhes, de vez em quando, uma borla, para ficarem satisfeitos.

Para mim, fico satisfeito por saber que na câmara tem alguém que acha que dar subsídios a indivíduos, para se masturbarem nas suas obras, é desperdício.
Para eles, o meu Bloga-me isto!

Há Mare e Mare...


Celebro hoje a união deste Blog com outro distinto Blog "no outro lado".
Assim como as cidades geminadas, também assim eu vejo estes dois.
O seu criador, Mare, é um verdadeiro tsunami de inteligência e bom gosto.
A não perder! Bloga-me isto! http://maislonge.blogspot.com

quinta-feira, outubro 19, 2006

Via Verdusca


Ontem ficamos a saber que a Região do Grande Porto já está muito desenvolvida. Sim, porque as portagens nas nossas SCUT’s vão ser uma realidade e, a razão para isso, é o grau de desenvolvimento desta nossa zona.

Não sei se hei-de ficar contente, ou chorar baba e ranho. Não, porque não concorde com as portagens, mas sim pela justificação delas. Mas vamos por partes.

Primeiro, cadê a responsabilidade das promessas? Foi uma promessa de campanha não alterar o regime das SCUT’s, se bem que o adversário directo tenha dito que isso era impossível, era desastroso e irresponsável. Mas, contra os argumentos (reais), optou-se pela demagogia, para se conseguir mais uns votos, e pronto! Ao fim de um ano e tal de governo, eis que a “promessa” torna-se “conversa” (da treta, claro). Quando é que estes gajos irão parar com isto? Claro que a culpa não é só deles. É igualmente dos “nabos” que acreditam, em campanha, neste tipo de juras!

Depois, a confirmação de que somos uma região desenvolvida. Que raio de merda é esta? Que patranha é esta que nos pretendem colar? Se há região deprimida, com maior nível de desemprego, e que ano após ano, leva golpes destes nas costas, é a região do Porto. Não aceito ser mais vergastado por esses políticos do sul, que olham para cima, qual complexo de “mouro conquistado”, e dizem: “Estes saloios (não se esqueçam que só Lisboa é que é cidade) no Norte, com as suas empresas, têm muito dinheiro (veja-se o contributo do Norte no PIB), vamos lá sacar mais um tanto para podermos fazer mais um aeroporto (ridículo), mais uma ponte (para outra margem), e o que nos vier à cabeça, aqui, onde tudo conflui, qual ralo na banheira!”. Depois admirem-se tanta bílis da nossa parte. Percebo que gostem muito de “Elefantes Brancos” mas, para aqui no norte, é mais “Pérolas Negras”.

E quanto às vias alternativas? Bem, essa é que de morrer! Qual a alternativa à A29? A N109! A A29 foi construída (literalmente) por cima dessa “via alternativa”. Outra é a A1. Claro, também se paga portagens, mas isso é um pormenor. E que tal a IC24? Ou “Via de Cintura Externa inacabada que está prometida há mais de 20 anos e nunca sai do papel e é uma vergonha que uma cidade da dimensão do Porto não tenha bypass e todo o tráfego rodoviário de norte para sul e sul para norte tenha de passar no meio dela”? (o nome da IC24 é longo, não é?). Qual a alternativa a esta? NÃO HÁ. É que aqui não há CREL’s , CRIL’s e afins. Aqui só há CROLL’s nas piscinas desses nossos supostos ricos empresários.

No entanto, não é de esquecer qual o proponente desta pérola do OE07. O Ministro Mário Lino, esse farfalho (lembram-se da alface velha dos Gato Fedorento) que desde que foi empossado como ministro de Portugal, tem sido um verdadeiro “mouro” de trabalho contra os interesses do norte. É interessante ver que sempre que essa figura mourisca aparece, é para nos puxar as orelhas. Mas ele a mim, já não me vai puxar mais nada, para além desde escarro que daqui lhe propalo.

Urge que renasça o D. Afonso Henriques, porque afinal não conseguiu expulsar todos os mouros de Lisboa. A Al-Qaeda tem QG no Ministério das Obras Públicas (ou será Ministério das Obras Lisbonenses), sob a chefia do Sheik Osama Mário Lino, e está a fazer com que o Porto se pareça Bagdade. Para mim, ele é o “ás de espadas” nos mais procurados no norte.

Para ele, para as suas portagens e co-proponentes, o meu Bloga-me isto!
P.S. O blogger Mário Lino tem andado muito distraído com o seu Alforge (porque será que eu não me admiro do nome do blog incluir o Al), porque já não é actualizado desde Fevereiro de 2005. Deve estar muito ocupado com as contas das portagens do Norte e não tem tempo para isso. Aproveito para o relembrar de ler o seu artigo, tornado autobiográfico, intitulado "Um Ministro patético". http://alforge.blogspot.com/

quarta-feira, outubro 18, 2006

McGolos


A justiça tardou mas foi reposta. Ao jeito de um Big Mac (mas com 4 na pá), vingou-se um certa indigestão, num certo dia, no ano certo de 1990. Igualmente houve mãos, mas desta vez castigou-se. Deve haver uma certa confusão lá para os lados de Hamburgo em relação a jogar à bola: rapazes, no futebol, mão é falta! Se bem que nem todos os árbitros conseguem "ver" isso, não abusem da sorte. Mas se quiserem repetir a dose no dia 1, tá tudo!
Força Porto e Bloga-me isto! Hamburgo...

segunda-feira, outubro 16, 2006

(Im)pressionado


Hoje sinto-me cinzento como o dia. Esta mania de nos imiscuir com tempo que faz lá fora. Parece que o nosso humor, ao acordar, consulta o barómetro. “Ei, hoje temos um anti-ciclone nos Açores. Que fixe. Vou estar bem disposto.” Ou “Merda. As baixas pressões fazem prever um dia chuvoso. Hoje o astral vai estar por baixo”.

Sem falar naqueles casos em que estas variações de pressões fazem mesmo doer determinadas zonas corporais. Irritante.

Urge que nos revoltemos contra esta tirania das pressões atmosféricas.

Será que as viagens sub-espaciais aspiram a isto?

Que tal um fato que nos proteja, que compense eventuais oscilações da pressão? Desde que não provoque cólicas internas, regularizando as exteriores, enquanto as interiores assemelhem-se à ingestão duma feijoada.

Uma cura etílica também é capaz de ajudar neste combate. No entanto, “chover” com chuva é capaz de ser catastrófico. Já basta o caos que se instala no nosso trânsito quando apenas algumas gotas de óxido de hidrogénio caem, quanto mais se os nossos “Schumachers” estiverem com um grão na asa!

Alternativamente, um “embriagamento” com música poderá ajudar. Notas alinhadas harmoniosamente, aspirando ao coro celestial de anjos e querubins, tocando a sinfonia das estrelas. O problema é onde encontrar. A rádio de certeza que não é fonte. Entre notícias cinzentas (como nos sentimos); com concursos entre o galo e a galinha; ou dos muitos nabos da stand-up comedy que estão pulverizados por ai, é local a evitar. Dentro dos nossos CD’s? Aqueles que já ouviste mil vezes, e te agonias só de pensar que aquele que queres deixaste em casa? AHHHHH

Então o que fazer?

Provavelmente nada. É daquelas coisas que temos de conviver, tal como a inevitabilidade da nossa sogra, dos impostos e da morte. Deambulamos nesse dia, quais mortos-vivos, judeus-palestianos, portistas-benfiquistas…

Amanhã será outro dia, a pressão lá estará, mas a cura de sono faz-me esquecer que hoje é segunda-feira e estive 1 hora no trânsito.

E depois, isto aqui também ajuda. Começo a escrever e Bloga-me isto!

sexta-feira, outubro 13, 2006

Fragilidades

Somos animais.

Esta nossa condição ninguém a pode desmentir, a não ser que se mudem as actuais definições do que é ser animal (o que está em voga, senão veja-se as ultimas reclassificações do que é ser planeta ou que é ser um advérbio em português). No entanto, o que nos distingue dos nossos conterrâneos “bestificados” amigos, é esta condição tão humana de sermos geridos pelas emoções. Sublinho o geridos e não que somos monopolistas de emoções (isso é outra conversa). Mas, observo o quão confrangedor pode ser esta gestão por algo que nos é impossível controlar, ou muitas vezes, entender. Refiro-me ao mais que evidente macho dominante pela sua força física, ser destronado por um simples heartbreak; ou um nato pigmeu ser temido por todos. É obvio que isto só é possível no Homem.

Desde cedo adquirimos esta capacidade de usarmos as emoções para a gestão do nosso dia-a-dia. Só um pai sabe o quão maravilhosamente malvado é um sorriso de um bebé de 2 meses. Impossível virar a cara. E no entanto, já está a ser usada essa capacidade só para atrair a atenção do progenitor (e diga-se muito eficazmente)!

Dei-me por mim a pensar nisto hoje, por ter sido confrontado com isto. Não directamente, mas como espectador de quem já foi actor principal. Neste palco que é a vida, o timing de estar na plateia ou em cena é alternado. E depende muito do qual a peça que está no ar. Porque somos espectadores numa e actores noutras.

Mas voltando à vaca fria, a tirania das emoções faz-nos sentir fortes num dia, para no outro ser o apocalipse now. "...Um dia rei, noutro dia sem comer..." O constatar isso é atingir a nossa mais pura essência, chame-se patológica ou motora, dissonante ou arrebatadora, mas o que nos faz realmente ser Humanos.
A propósito disto, convém referir que o sexo feminino está muito mais evoluído nesta gestão, o qual usam e abusam (manipulação!!!) há longuíssimos séculos, ao ponto de eu achar que já estão geneticamente modificadas!

Chamei ao texto Fragilidades. Serão?
Se achas, Bloga-me isto!

quinta-feira, outubro 12, 2006

No principio era...


As primeiras palavras.
Como na nossa própria evolução na "arte" de falar, este meu primeiro texto é como um "arrulhar". gugu dada.
Não tenho pretensão que este meu cantinho na net tenha algum protagonismo. Nem mesmo que seja um modelo a seguir. Nem mesmo ter um publico alvo. Escrevo para mim, por mim e por quem o quiser visitar.
O meu eu em estado bruto, sem máscaras, sem barreiras, um verdadeiro sashimi da minha alma.
Nunca fui bom a escrever. Como um ser básico que sou, minha escrita reflete-o bem. Por isso sei que os "prémios Nobel" rir-se-iam(ião) da minha prosa. Mas, como os nossos antigos navegantes, nas suas frágeis barcas longe chegaram, não será isso que me demoverá de escrever.
Minhas tágides serão as referências da minha vida. A minha linda família (Tania, Francisco e Afonso, até à data), pais e irmãos, amigos do peito e do queixo, gurus e mestres, e tudo que me influencia diariamente.
Assim fui, sou e serei. E enquanto puder, aqui estarei e assim o direi: Bloga-me isto!