quinta-feira, junho 04, 2009

Post-this...


Existem, pelo menos, 4 coisas que nunca mais podem ser recuperadas:


  • A Pedra depois de atirada...


  • A Palavra depois de proferida...


  • A Ocasião depois de perdida...


  • O Tempo depois de passado.
Assim seja. *Bloga-me isto!

quarta-feira, maio 27, 2009

O definhamento do Porto



Sou da cidade do Porto.

Vai para tempos imemoráveis que esta frase, dita pelos seus habitantes, é proferida com um rasgo de orgulho. O nosso peito incha, inflama com a sua invocação. Como que sentindo o legado dos nossos antepassados, do peso da nossa história para gesta do nosso país. E não é em vão. Não só porque daqui deriva o nome de Portugal mas porque, em qualquer momento marcante, estivemos sempre lá. De corpo e alma.

A sua riqueza não é só feita de tangibilidades. É feita pela alma de um povo trabalhador, habituados a serem timoneiros do seu próprio destino, a talharem a forma do seu fado.

A sua beleza não é cosmética. A sua luz cintila por entre a opacidade plúmbea das suas paredes, essa luz pura e verdadeira que irradia do âmago, de dentro para fora, da sua índole. Como a nossa divisa, que está gravada em nossos corações, irradiando: “Antiga, mui nobre, sempre leal, invicta cidade do Porto”. Ser do Porto é mais do que um acto físico e de ocupação de um espaço. É preciso ser do Porto para se perceber isso.

Ora, tal paixão que me guia na vida, força-me a ser sensível a tudo que se passa na minha cidade, quer seja boa ou quer seja má.

Há pouco tempo, fui confrontado com os números implacáveis (e quão implacáveis são) do desenvolvimento do nosso país nos últimos 20 anos, numa radiografia feita retalhando o nosso país nas suas 30 NUTS (Nomenclatura de Unidades Territoriais). Aqui vai uma súmula de alguns indicadores relevantes, comparando a NUT Grande Porto com a Grande Lisboa.
Indicador----Grande Porto - Grande Lisboa
---------------1989----Hoje---1989---Hoje
PIB (%)------14,56---12,03---5,52---31,09
PIB per capita
(Portugal=100)----124,24---99,68--87,07--163,04
Crescimento
PIB per capita (%)----------194,1----------586,3
(Fonte:INE)

Já ouvimos falar, vezes amiúde, do declínio económico do Porto. Aqui, nestes números, está espelhado o definhamento, sobretudo em comparação com a capital. É certo que as razões para tal não podem ser resumidas na megalocefalia perpetrada por governos sucessivos da democracia. Mas, indiscutivelmente, o seu peso é decisivo. E a verdade é que nesses governos houve vários ministros que originavam do Porto e que, aparentemente, nada importou. Alguma síndrome da “Queda do Anjo” relatado pelo Camilo?

No entanto, gostaria de não só culpabilizar esta tendência nacional, eu diria mais, histórica, de sempre que há dinheiro, esse ser gasto na capital. Apesar das minhas entranhas pedirem sempre contas, de uma forma quase primitiva, ao centralismo, ao ralo do país que é Lisboa.

Não quero só culpabilizar porque, a verdade, é que a culpa aqui não tem apenas um esposo. Por muito que nos custe ouvir e concordar, foi muito à custa da nossa indolência que ficamos arredados da vanguarda da modernização. As nossas indústrias, orgulho passado e alavancas de uma prosperidade pretérita, não passam hoje (com raras excepções) de monos arcaicos, baseadas na mão-de-obra barata e de produtos caducos. A actividade secundária não foi modernizada segundo os padrões actuais de competitividade. Poucas são suficientemente criativas para poder cativar os recursos humanos disponíveis nas nossas universidades, quanto mais aos competitivos mercados internacionais. E o nosso estiolamento gerou-se aqui.

O futuro da nossa cidade está nas suas gentes. Sempre foi e sempre será. E hoje em dia, muito mais é. No advento da nova era, a Era da Tecnologia e Informação, em que o principal activo de uma empresa é o trabalhador, altamente qualificado. Temos a maior e melhor universidade do país, uma excelente escola de gestão, as ferramentas necessárias para formar e debitar a mão-de-obra qualificada para podermos fazer frente aos desafios que esta nova era nos coloca. E é neste caminho que temos de encarrilar para apanharmos o expresso do progresso.

Que seja neste período, difícil mas altamente desafiante, que mostremos essa fibra que nos constitui, essa mesmo que, durante séculos, fez que o Porto seja a cidade respeitada que é.

O meu Porto, *Bloga-me isto!

sexta-feira, maio 15, 2009

Rogativa


O futuro a Deus pertence
O labor que nos merece.
Ó divina protecção
Não desvies a tua atenção
Para quem te suplica
A tua poderosa mão
E com quem satisfeito não fica
Com uma breve locução.
A vida é feita de sofrimento
Tão frequente como o alimento.
Malhando-nos como metal
Temperando-nos como o sal.
Da matéria de que sou feito
Não me interpretes como tal,
Porque com tanto defeito
Assim, fico tão mal.
O futuro a Deus pertence
E ainda bem que pertence.
Pois o presente previsto
Do passado não me visto.
Dele não quero ser refugiado.
Livre, por tal insisto
Deixar-te assim o recado
Aqui, no *Bloga-me isto!

quinta-feira, maio 14, 2009

Tetraficado...


Um breve comentário ao meu Porto…

Uma equipa que ganha assim tão consistentemente, nunca pode ser acaso do fortuito. É algo que se constrói desde a cabeça até às bases. Um case study. Só quem é cego é que não vê!

Siga para Penta…

quarta-feira, maio 06, 2009

A crise segundo "Einstein"


"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado".

Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la."

Albert Einstein

Pensamento intemporal do génio. Para a crise *Bloga-me isto!

quinta-feira, abril 30, 2009

Pergunta e resposta!


P: Em tempos de crise, gastar cerca de 1 milhão de euros em carros novos para a Assembleia da República?
R: É a teoria Keynesiana, estúpido.
Ah, pois! *Bloga-me isto!

terça-feira, abril 07, 2009

Democracia...

Democracia. Do grego Demokratia que significa “poder do povo”. Com boa razão deriva a palavra do grego, já que foi na Grécia antiga que este sistema de governação foi desenhado. Trivialidades. Tinha de começar por algum sítio e comecei pelo princípio, passo o pleonasmo. Em verdade, a Grécia antiga deu-nos o Sócrates e a nossa democracia deu-nos outro Sócrates, com algumas (grandes) diferenças, pois de registos não irão faltar sobre o mais novo e acho que a cicuta não estará nas bebidas que experimentará. Mas não irei falar desta personagem, mas sim do sistema que o debitou. A democracia.

Sendo a democracia o “poder do povo”, em boa verdade estamos todos responsabilizados pela sua qualidade, seja ela boa ou má, segundo a nossa opinião. Porque mesmo que ela seja má, ninguém poderá dizer porque não é culpa sua, salvo que a democracia não seja o seu sistema de governação preferido. Mas aí, também, atura a democracia reinante porque quer, não faltando outros países que tenham outros sistemas que se aproximem mais dos seus desejos. Se há coisa que a globalização trouxe foi oferta de tudo o que existe. Resumindo esta ideia, a democracia deverá ser um somatório de vontades, de pessoas livres, que escolhem e acatam a vontade da maioria. Outra trivialidade.

Sendo assim, porque é que, de uma maneira geral, os gestores deste sistema, os políticos, estão tão descredibilizados e, por inerência, ajudam a que se sinta um ambiente de insatisfação perante a democracia? Não sou eu que o digo. Uma constatação evidente é a clara abstenção das eleições. Ninguém sério poderá dizer que, quando repetitivamente, a abstenção está acima dos 30% nas legislativas (35,74% em 2005, mais de um terço da população) que é normal. Um terço do nosso país não sabe o que quer? Não tem opinião? Eu interpreto mais pelo lado pragmático do drama: não vão votar porque não sentem vontade nem incentivo ao exercício do acto. São os comodistas, poderão dizer, mas são a face visível do problema da descredibilização na actividade política. Quando existe motivação, esta percentagem de comodistas é residual. É a percentagem daqueles que realmente não sabem nem tem opinião. Mas creio que as pessoas sabem o que querem, e quando a paixão ardente lhes trespassa o coração, a verdadeira motivação, são como chamas em floresta seca. Alastra e arrasta multidões. Temos, por certo, ilustrações disso. Quem não se lembra do entusiasmo do país à volta da selecção na final do europeu em 2004. Dificilmente alguém sentia-se indiferente ao ambiente, mesmo que não goste de futebol. Isto é assim quando há uma visão, uma missão e um objectivo em que estejam todos alinhados. É imparável.

É sobre a resposta à pergunta formulada que me proponho aqui escrever.

O observador comum, em que me incluo, é quase diariamente confrontado com situações que em nada dignificam a democracia. A suspeição de corrupção sobre os decisores, o enriquecimento ilícito de políticos, a impunidade de quem é poderoso, entra-nos pelos olhos dentro a uma velocidade quase impossível de assimilar. Não falo da questão que um jornal diário tem hoje em dia mais informação que um cidadão do século XVIII teria numa só vida. Refiro-me a que são tantas que é impossível aceitar todas. São tantos os casos que, para mantermos alguma sanidade e confiança no sistema, ignoramos algumas. São tantas que torna-se normal e corriqueiro. E, lentamente, como gota a gota em pedra dura, vamos desmoralizando, definhando, quebrando. Baixamos os braços porque conhecemos a história de D. Quixote e sabemos que estamos a combater moinhos de vento, por conta duma Dulcineia que nos zomba. Cavaleiros da triste figura.

Estarei a ser exagerado? Estarei, por ventura, a dar preponderância ao negativo em detrimento do louvável? Lembro-me quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, o que de mais grave se lhe apontou (em termos ilícitos) era uma suposta remodelação da casa de banho. Não vou fazer mais comparações. Mas há, nitidamente, hoje em dia um degradar de respeito e de confiança da figura do estado e das suas instituições que o constituem.

O que acabo por observar é que esta conspurcação acaba por ser como um mau cheiro a que nos habituamos. Não é difícil encontrar gente boa que vota em políticos corruptos porque “rouba mas, ao menos, faz alguma coisa”. A capitulação dos nossos próprios valores perante “o mal menor”. É uma classe média que se verga interiormente e isso resulta no patamar desclassificado que valorizamos os nossos políticos, e depois a democracia por tabela. Jamais será possível ver uma democracia saudável com uma classe média despojada, quer de valores materiais, quer de valores morais. E, na minha opinião, é isso que se passa na nossa classe média. Desencantamento. Desapontamento. Enfadamento. Atraiçoamento.

Como foi, sabiamente, aqui comentado por uma ilustre visitante “Para que o mal vença, basta que as pessoas boas não façam nada”. Nada mais. É tempo de fazermos alguma coisa. É tempo de sair do nosso confortável sofá e fazermos algo mais que “zapiar” os canais quando aparecem os políticos a falar. É tempo de estendermos as nossas conversas de café para auditórios mais vastos. É tempo de sermos mais interventivos e não deixarmos que usurpadores levem a nossa lisura e orgulho. O que ficará após nos levarem essa centelha de amor-próprio que nos faz ir votar? Não temos que nivelar por baixo quem nos representa, rebaixando-nos.
Este desidrato meu é, nada mais, nada menos, o que me vai na alma. O meu mea culpa da situação existente. Cada vez que hesitei em me tornar mais interventivo, ajudei a que outros, sem escrúpulos, tivessem a oportunidade de rapinar.

Por isso, daqui clamo, ó gente da minha terra, ó gente boa e trabalhadora, de todas as classes sociais, façamos mais pela nossa democracia. Unamos esforços, dentro do nosso círculo de influência, por tornarmos células de grandeza e de exemplo.

Deixo-vos duas pérolas de Churchill:
"A democracia é a pior forma de governo, exceptuando todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos"
“Vivemos com o que recebemos, mas marcamos a vida com o que damos."

Palavras para quê! *Bloga-me isto!

quarta-feira, março 18, 2009

The Road Not Taken


Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.




Robert Frost (Mountain Interval, 1920)


*Bloga-me isto!

Viagem ao nosso centro...


Aprendi muito sobre a vida nos últimos tempos. Tempos difíceis, logo, tempos frutuosos. De facto, o aumento das nossas capacidades está directamente relacionado com a saída da nossa “zona de conforto”. Essa zona não nos ajuda nada em termos de progressão na globalidade das nossas dimensões, quer sejam físicas, mentais, emocionais e espirituais. É nos momentos que atingimos os nossos limites, qualquer que seja a situação, que esses limites são expandidos. É como na entrada em territórios estranhos. Só deixam de ser estranhos quando são explorados.


Devíamos sempre explorar os nossos limites. Guiados sempre pela consciência, que bem usada, indica-nos sempre o caminho certo. Mas nunca conformando-nos com o que já atingimos. Normalmente significa caminhos estreitos e perigosos, diferentes de largas avenidas cheias de luz, mas o fim é sempre mais grandioso e luminoso. A definição de sacrifício não é mais do que abdicar de algo bom por algo ainda melhor. E quando assim é, só podemos encetar nesse caminho, que nos levará à felicidade.


Faz todo o sentido falar disso hoje em dia. A nossa sociedade vive de valores imediatistas, do arranjo fácil. Nada pode ser feito se não obtiver resultados para ontem. O consumo ávido e impaciente atropela os princípios básicos de que se rege o universo. Ninguém pode atirar-se de um prédio e a meio resolver que já não quer cair. A gravidade está a rege-lo. Do mesmo modo, nada de positivo pode ser criado da noite para o dia, como Roma e Pavia.


Plutarco disse:” Encontrar defeito é fácil, mas fazer melhor pode ser difícil”. Façamos o mais difícil para depois ser mais fácil. *Bloga-me isto!

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Feeport (do inglês "as comissões portuguesas")


É triste mas o nosso país está, uma mais vez, embrulhado no manto da suspeição de corrupção, afectando agora o mediático PM. Adjectivo a dita personagem visto este se queixar dos media na série, quase frenética, de factos diários que vêm à luz do que está na escuridão das investigações. Frases tipo “o feitiço virou-se para o feiticeiro” ou “provar do próprio veneno” ou ainda “Quem com ferros mata, com ferros morre” afloram-se-me ao espírito, para quem viveu, até hoje, da poderosa ferramenta que é o quarto poder. Se há manobras nos bastidores, partidárias ou não, sinceramente não me interessa. Há, de facto, algo de estranho ali. Ninguém pode, para já, afirmar que o ministro há data, terá recebido um fee (para ser suave), mas quanto a um “tráfico de influências”, já é diferente.



Li a opinião de um primo meu no JN, o Manuel Serrão, que lamentava este episódio, já que parecia que ninguém em cargos que se adjudicam compras, tanto no sector público como no privado, teriam de ser órfãos de família. Entendo a argumentação mas acho que, por isso mesmo, tem de se ser muito transparente para que não subsistam dúvidas nenhumas. Resumia que “À mulher de César não basta ser honesta. Tem de parecer honesta”. Muito mais em gestores da res publica. E com pareceres aprovados a correr e de forma pouco clara, poucos dias antes de eleições, não se parece nada honesto! Parafraseando o homónimo, o PM sugere dizer:”Só sei que nada sei”… Mas todos sabemos que Sócrates sabia do que sabia.



Apesar de não gostar nada do visado, lamento que tudo isto se passe. É que isto é mais uma estação na via sacra para o calvário, sendo nós os “crucificados”. E neste “sacrifício” não temos por companhia os “ladrões”. *Bloga-me isto!

terça-feira, janeiro 20, 2009

MMIX


Ainda não tinha escrito nada este ano. E haveria tanto por escrever…


Gostaria de desejar a todos o melhor ano de 2009 possível. A incerteza que paira no nosso horizonte é grande, ainda agravada pela cambada de imbecis que nos governam. O que hoje é dito, amanhã pode ser desmentido. E a culpa, como será durante todo o ano, é a crise. Costas largas terá a conjuntura.


Será um ano, a nível pessoal, de muitos desafios. Vou tentar que aqui seja um espaço onde possa ir balanceando o meu barco, porque a falar é que a gente se entende e a escrever é que a gente se sente.


Lanço aqui a minha “mensagem na garrafa” no mar imenso cibernauta:


Disse Jacques Philippe: “Não é por termos liberdade que podemos mudar tudo à nossa volta, mas dispomos da faculdade de dar sentido a tudo (o que é muito melhor), mesmo àquilo que não o tem! Nem sempre somos senhores do desenvolvimento da nossa vida, mas somos sempre senhores do sentido que lhe conferimos.” Sejamos capazes de entranhar bem este conceito.


Bem hajam, *Bloga-me isto!