Vezes sem conta, considero-me um
ignorante. Não tenho pretensões de magnitude nem complexos de Deus, apenas
sinto-me mal comigo mesmo de viver numa sociedade onde não faço nada. Não que
eu veja mais que os outros, porque de facto não vejo, mas é sempre esta força
insuspeita de querer/pretender fazer mais. A minha ignorância (vou chama-la
assim) advém de não saber de como se pode viver num país (quase me atrevia a
dizer continente) em que a desconfiança dos governados é total em relação aos
governantes. Como se pode seleccionar pessoas para tomar o leme do nobre
destino duma nação se aquilo que aparece não passam de marujos sabujos,
imediatos de 2ª linha, amotinados de guerras palacianas que, por terem estado
no cesto da gávea, se sentem experimentados e sabedores de capitania, por terem
visto o horizonte.
Temo que não encontre na história
qualquer referência a navios que tenham tido sucesso sem bons comandantes.
Desses não rezam a história. A bruma das memórias velam esses marujos e apenas
se (a)guarda a esperança de quem não regressa (e que boa falta fazia).
Quo Vadis, Portugal? De que metal
somos feitos? De que raízes somos gerados? Como podemos vergar-nos a um futuro
sem esperança, aguardando sentados à espera que nos convoquem? Onde estás, “Oh
Captain, My Captain”? Seremos mais uma geração (pre)destinada a ser esquecida por
essa cortina implacável do pó levantado da terra árida? Se sim, que ao menos
preparemos os nossos filhos a serem eles a próxima Ínclita Geração! Bloga-me isto!