quarta-feira, maio 27, 2009

O definhamento do Porto



Sou da cidade do Porto.

Vai para tempos imemoráveis que esta frase, dita pelos seus habitantes, é proferida com um rasgo de orgulho. O nosso peito incha, inflama com a sua invocação. Como que sentindo o legado dos nossos antepassados, do peso da nossa história para gesta do nosso país. E não é em vão. Não só porque daqui deriva o nome de Portugal mas porque, em qualquer momento marcante, estivemos sempre lá. De corpo e alma.

A sua riqueza não é só feita de tangibilidades. É feita pela alma de um povo trabalhador, habituados a serem timoneiros do seu próprio destino, a talharem a forma do seu fado.

A sua beleza não é cosmética. A sua luz cintila por entre a opacidade plúmbea das suas paredes, essa luz pura e verdadeira que irradia do âmago, de dentro para fora, da sua índole. Como a nossa divisa, que está gravada em nossos corações, irradiando: “Antiga, mui nobre, sempre leal, invicta cidade do Porto”. Ser do Porto é mais do que um acto físico e de ocupação de um espaço. É preciso ser do Porto para se perceber isso.

Ora, tal paixão que me guia na vida, força-me a ser sensível a tudo que se passa na minha cidade, quer seja boa ou quer seja má.

Há pouco tempo, fui confrontado com os números implacáveis (e quão implacáveis são) do desenvolvimento do nosso país nos últimos 20 anos, numa radiografia feita retalhando o nosso país nas suas 30 NUTS (Nomenclatura de Unidades Territoriais). Aqui vai uma súmula de alguns indicadores relevantes, comparando a NUT Grande Porto com a Grande Lisboa.
Indicador----Grande Porto - Grande Lisboa
---------------1989----Hoje---1989---Hoje
PIB (%)------14,56---12,03---5,52---31,09
PIB per capita
(Portugal=100)----124,24---99,68--87,07--163,04
Crescimento
PIB per capita (%)----------194,1----------586,3
(Fonte:INE)

Já ouvimos falar, vezes amiúde, do declínio económico do Porto. Aqui, nestes números, está espelhado o definhamento, sobretudo em comparação com a capital. É certo que as razões para tal não podem ser resumidas na megalocefalia perpetrada por governos sucessivos da democracia. Mas, indiscutivelmente, o seu peso é decisivo. E a verdade é que nesses governos houve vários ministros que originavam do Porto e que, aparentemente, nada importou. Alguma síndrome da “Queda do Anjo” relatado pelo Camilo?

No entanto, gostaria de não só culpabilizar esta tendência nacional, eu diria mais, histórica, de sempre que há dinheiro, esse ser gasto na capital. Apesar das minhas entranhas pedirem sempre contas, de uma forma quase primitiva, ao centralismo, ao ralo do país que é Lisboa.

Não quero só culpabilizar porque, a verdade, é que a culpa aqui não tem apenas um esposo. Por muito que nos custe ouvir e concordar, foi muito à custa da nossa indolência que ficamos arredados da vanguarda da modernização. As nossas indústrias, orgulho passado e alavancas de uma prosperidade pretérita, não passam hoje (com raras excepções) de monos arcaicos, baseadas na mão-de-obra barata e de produtos caducos. A actividade secundária não foi modernizada segundo os padrões actuais de competitividade. Poucas são suficientemente criativas para poder cativar os recursos humanos disponíveis nas nossas universidades, quanto mais aos competitivos mercados internacionais. E o nosso estiolamento gerou-se aqui.

O futuro da nossa cidade está nas suas gentes. Sempre foi e sempre será. E hoje em dia, muito mais é. No advento da nova era, a Era da Tecnologia e Informação, em que o principal activo de uma empresa é o trabalhador, altamente qualificado. Temos a maior e melhor universidade do país, uma excelente escola de gestão, as ferramentas necessárias para formar e debitar a mão-de-obra qualificada para podermos fazer frente aos desafios que esta nova era nos coloca. E é neste caminho que temos de encarrilar para apanharmos o expresso do progresso.

Que seja neste período, difícil mas altamente desafiante, que mostremos essa fibra que nos constitui, essa mesmo que, durante séculos, fez que o Porto seja a cidade respeitada que é.

O meu Porto, *Bloga-me isto!

sexta-feira, maio 15, 2009

Rogativa


O futuro a Deus pertence
O labor que nos merece.
Ó divina protecção
Não desvies a tua atenção
Para quem te suplica
A tua poderosa mão
E com quem satisfeito não fica
Com uma breve locução.
A vida é feita de sofrimento
Tão frequente como o alimento.
Malhando-nos como metal
Temperando-nos como o sal.
Da matéria de que sou feito
Não me interpretes como tal,
Porque com tanto defeito
Assim, fico tão mal.
O futuro a Deus pertence
E ainda bem que pertence.
Pois o presente previsto
Do passado não me visto.
Dele não quero ser refugiado.
Livre, por tal insisto
Deixar-te assim o recado
Aqui, no *Bloga-me isto!

quinta-feira, maio 14, 2009

Tetraficado...


Um breve comentário ao meu Porto…

Uma equipa que ganha assim tão consistentemente, nunca pode ser acaso do fortuito. É algo que se constrói desde a cabeça até às bases. Um case study. Só quem é cego é que não vê!

Siga para Penta…

quarta-feira, maio 06, 2009

A crise segundo "Einstein"


"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado".

Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la."

Albert Einstein

Pensamento intemporal do génio. Para a crise *Bloga-me isto!