É
fácil gostar de partidos como o Bloco de Esquerda (BE). É tão fácil agarrar numa
das frases dos seus cartazes e torná-las nossas. Quem é que não gostaria que
algum dos nossos concidadãos “...não fique para trás”. Ou quem é que não quer
“…Ter saúde pública (provavelmente implícito, de borla) para todos” ou
“…energia mais barata”. De facto, tornar as coisas fáceis para todos é um
desejo humano, a não ser que se seja sociopata. As pessoas que assim pensam têm
a minha simpatia e solidariedade. Também continuariam a ter a mesma simpatia e solidariedade
se, nos mesmos cartazes, colocassem frases como: “Perder a barriga sem sair do
sofá” ou “Todos possam ganhar a lotaria do Natal, sem jogarem”. Infelizmente, a
vida não só são morangos docinhos e, dificilmente para resolver aflições com
que a humanidade de se debate há tantos milénios, as soluções serão fáceis e
simples. Na verdade, a vida é mais limões e, aqueles que a vivem melhor, são
os que conseguem fazer dela limonada. Como lembrou Dave Kekich: “A vida é fácil
quando é vivida sem facilidades … e é difícil quando é vivida sem dificuldades.”
A
retórica dos partidos políticos caminha nesta onda de passar mensagens simpáticas
e emotivas em detrimento de verdadeiramente inspiradoras e realistas. O avanço
da humanidade não se fará quando “Ninguém pode ficar para trás” porque isso só
acontece quando todos estivermos parados. A igualdade de oportunidades não se
consegue com a igualdade de resultados, mas quando garantimos que o país avança
se aqueles que vão à frente, levam e inspiram quem fica para trás. Quando
garantimos que a responsabilidade pessoal não é substituída pela obvia
responsabilidade coletiva de redistribuição de riqueza. E que as facilidades e as
medidas simplórias têm resultados curtos e efémeros.
O
que precisamos é de reafirmar que é a soma das responsabilidades de todos,
individualmente, que faz o país avançar e não a divisão das mesmas pelos ombros
de alguns. É garantir que a multiplicação do trabalho de todos ajudará na
subtração das dificuldades, mas nunca na sua eliminação. Bloga-me isto!