terça-feira, fevereiro 09, 2021

Clarificação à Direita

 

Se há algo que saiu de “positivo” após as eleições de 2015, foi o destruir alguns dogmas que a política portuguesa assumia, para reemergir uma nova era das relações e práticas da nossa democracia.

Faço um pequeno interregno na reflexão que proponho fazer para explicar o emprego das aspas na palavra positivo. É certo que já vimos a esquerda portuguesa unir-se num propósito de “derrotar a direita” em alguns momentos da nossa democracia, sendo a mais famosa, a eleição presidencial de 1986, em que os comunistas tiveram de “engolir sapos” para não fazerem parte de uma derrota que seria histórica, a apenas 10 anos do fim do PREC, com a direita unida (apesar de ter sido duro perceber que a diferença entre ambos os blocos não chegavam aos 140 mil votos). Contudo, estas “uniões de conveniência” foram sempre pontuais e sempre lestas em regressar às profundas divergências que existem nas “esquerdas”. O que ocorreu em 2015 foi, pela primeira vez, uma “união de facto”, levada, é certo, pelo instinto de sobrevivência, mas que mudou (atrevo-me a dizer) para sempre, a geometria possível no parlamento, aparecendo na esquerda, um pragmatismo que não se lhe conhecia. Dito isto, atesto que sempre que há uma clarificação, isso é positivo, apesar de ser critico quanto à forma que o derrotado nas eleições teve nas negociações dúbias com ambos os blocos, e, claro, quanto ao resultado e às consequências dessa união de esquerdas (daí as aspas).

Retomando à reflexão, e após esta inflexão de comportamento entre as esquerdas, o que alguns chamarão de progresso, daí se chamarem “progressistas”, também se vão ter de fazer contas à direita. Está visto que um governo minoritário, como o de Cavaco Silva de 1985, não será mais possível, e que, se a direita quer voltar ao governo, terá de começar a fazer cálculos de quanto vale. Tanto mais, que as eleições de 2019, já começaram a mostrar uma tendência evolutiva, diria mesmo darwiniana, de mostrar como isso se faz. A direita não é una e, assim como na esquerda, existem várias correntes. Aquilo que resultou do pós-25 de abril da direita portuguesa, foram 2 partidos que, muito mais que 2 correntes de pensamento, foram amalgamas possíveis de personalidades de direita. Não propriamente duas cosmovisões da sociedade. Vejam-se as inflexões que resultavam no CDS-PP dependendo de quem era o líder, assim como o PSD de Rui Rio não é o PSD de Pedro Passos Coelho. Com o aparecimento da Iniciativa Liberal e do Chega, clarificando espaços que estavam “escondidos” nos partidos tradicionais, a linguagem ideológica vai ser mais importante que nunca para definir o que é cada partido e o que vale. Mas, mais importante que isso, será necessário que, ao aclarar o que cada partido defende ideologicamente, quais serão as soluções aos problemas reais da sociedade que vivemos, e o que esta clarificação ideológica acarreta. Se assim não for, temo que o português não acredite que a alternativa se encontre à direita e continuará a votar “no mal menor”, ou seja, uma esquerda mais “organizada” em termos de valores. Prevejo igualmente que, como resultado desta purificação, partidos como o Chega, que crescem com os votos de protesto, percam expressividade pela ausência de ideologia que os suportam, vivendo à custa do culto da personalidade e/ou no voto “contra-o-sistema”.  Bloga-me isto!


domingo, maio 31, 2020

Fairy Tales



É fácil gostar de partidos como o Bloco de Esquerda (BE). É tão fácil agarrar numa das frases dos seus cartazes e torná-las nossas. Quem é que não gostaria que algum dos nossos concidadãos “...não fique para trás”. Ou quem é que não quer “…Ter saúde pública (provavelmente implícito, de borla) para todos” ou “…energia mais barata”. De facto, tornar as coisas fáceis para todos é um desejo humano, a não ser que se seja sociopata. As pessoas que assim pensam têm a minha simpatia e solidariedade. Também continuariam a ter a mesma simpatia e solidariedade se, nos mesmos cartazes, colocassem frases como: “Perder a barriga sem sair do sofá” ou “Todos possam ganhar a lotaria do Natal, sem jogarem”. Infelizmente, a vida não só são morangos docinhos e, dificilmente para resolver aflições com que a humanidade de se debate há tantos milénios, as soluções serão fáceis e simples. Na verdade, a vida é mais limões e, aqueles que a vivem melhor, são os que conseguem fazer dela limonada. Como lembrou Dave Kekich: “A vida é fácil quando é vivida sem facilidades … e é difícil quando é vivida sem dificuldades.”

A retórica dos partidos políticos caminha nesta onda de passar mensagens simpáticas e emotivas em detrimento de verdadeiramente inspiradoras e realistas. O avanço da humanidade não se fará quando “Ninguém pode ficar para trás” porque isso só acontece quando todos estivermos parados. A igualdade de oportunidades não se consegue com a igualdade de resultados, mas quando garantimos que o país avança se aqueles que vão à frente, levam e inspiram quem fica para trás. Quando garantimos que a responsabilidade pessoal não é substituída pela obvia responsabilidade coletiva de redistribuição de riqueza. E que as facilidades e as medidas simplórias têm resultados curtos e efémeros.

O que precisamos é de reafirmar que é a soma das responsabilidades de todos, individualmente, que faz o país avançar e não a divisão das mesmas pelos ombros de alguns. É garantir que a multiplicação do trabalho de todos ajudará na subtração das dificuldades, mas nunca na sua eliminação. Bloga-me isto!

domingo, junho 09, 2019

O fim da Dualidade





A dualidade do universo é um conceito que me agrada racionalizar, como forma de explicar o equilíbrio do que nos rodeia. O Yin e o Yang, o Bem e o Mal, a Ordem e o Caos, o Masculino e o Feminino, a Matéria e a Anti-Matéria, e por aí fora. Podemos ter as duas forças que são opostas, mas que são complementares em manter a simetria e a harmonia do visível e do invisível.

Durante muito tempo sentia que essa harmonia existia no nosso país, ao peso que historicamente Lisboa tem nas nossas vidas, o contra-peso do Porto para o balancear. O Absolutismo de Lisboa tinha sempre o Liberalismo do Porto. Os Nobres de Lisboa tinham sempre os Burgueses do Porto. Receio que esse equilíbrio não exista mais. Lisboa conseguiu finalmente, ao fim de muitos séculos, silenciar o Porto e tornar-se absolutista. Em todo o espectro da nossa vida quotidiana somos confrontados com o peso da capital, quer seja politica, cultural, financeira, económica, judicial e até desportiva. A camisa de forças tornou-se tão apertada que conseguiu estrangular a força do Porto e a atitude das suas gentes. A famosa “guerra” Norte-Sul acabou e foi oficialmente assinado o armistício. E quem perdeu? Na minha opinião foi o país, que ficou subjugado a uma tirania de pensamento único.

O que são feitas das associações empresariais do Norte? O que é feito do peso reivindicativo da câmara do Porto? O que é feito do Bispo do Porto? O que são feitos dos músicos da cidade que batiam o pé? O que são feitos dos jornais que contavam mais do que a declarações da Lusa? Onde estão os presidentes dos clubes que faziam frente aos “campos inclinados”? Onde estão as gentes que abriam a boca para dizer mal de Lisboa? Em suma, onde está o Porto?

A referida “guerra” não era (e continua a ser chamada) saloia porque obviamente não interessa a quem a rotula. Não é saloia porque a verdade não está só de um lado. Não é saloia porque existem uns iluminados na capital e no resto do país, a província, não sabem nem podem saber.

Podemos dizer que a crise agravou o centralismo e foi, sob a alçada da intervenção externa, que os poderes se concentraram mais no epicentro da própria catástrofe. A solução ao problema foi dar ao problema ainda mais a solução. E assim, a anorexia espalhou-se pelo país, engordando a capital. Pena que o contágio da doença tenha afectado também o Porto, porque o país precisava dele mais do que nunca. No fundo, foi o fim da dualidade.

Talvez seja por isso que o Porto é masculino e Lisboa feminino, para que a dualidade do “universo” funcione e possamos progredir em equilíbrio. Bloga-me isto!

quarta-feira, julho 01, 2015

Querida Avó

Querida Vovó Ni
É sempre difícil escrever quando os olhos marejam e a saudade queima. Não choramos porque te perdemos. Isso nunca será possível porque nos lembramos. Lembramo-nos da tua generosidade, da tua alegria, dos docinhos que tinhas sempre para nós, dos beijinhos, dos croquetes de carne inigualáveis mas sobretudo da tua força de viver. Se tivéssemos que escolher uma característica que te definisse, seria, sem dúvida, essa tua vontade de aproveitar o tempo que nos é dado. E todos sabemos que temos esse pedaço de ti, pelo teu sangue e pelo teu exemplo. Somos todos filhos da tua vida e essa continuará sempre por nós. Tentaremos honrar o teu legado, vivendo e transmitindo aos nossos aquilo que nos ensinaste e, assim, a tua chama continuará a arder no mundo. Partiste também para o teu lugar, que foi sempre ao lado do vovô Júlio. Até nesse amor, foste exemplo. 

Permite-nos que choremos um pouco. Talvez seja um pouco egoísta da nossa parte porque foste para melhor. Mas que as nossas lágrimas sejam um brinde à tua vida e não à tua morte. C.S.Lewis escreveu: “Deus murmura aos nossos ouvidos por meio do prazer, fala-nos através da nossa consciência, mas clama em voz alta por intermédio da nossa dor”. Assim estamos, assim ficamos… Assim seja.
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quinta-feira, junho 25, 2015

Invictus


"Out of the night that covers me
Black as the pit from pole to pole
I think whatever gods may be
For my unconquerable soul

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond the place of wrath and tears
Looms but the horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate

I am the captain of my soul."

William Ernest Henley

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segunda-feira, maio 26, 2014

À procura de um rumo...



Vezes sem conta, considero-me um ignorante. Não tenho pretensões de magnitude nem complexos de Deus, apenas sinto-me mal comigo mesmo de viver numa sociedade onde não faço nada. Não que eu veja mais que os outros, porque de facto não vejo, mas é sempre esta força insuspeita de querer/pretender fazer mais. A minha ignorância (vou chama-la assim) advém de não saber de como se pode viver num país (quase me atrevia a dizer continente) em que a desconfiança dos governados é total em relação aos governantes. Como se pode seleccionar pessoas para tomar o leme do nobre destino duma nação se aquilo que aparece não passam de marujos sabujos, imediatos de 2ª linha, amotinados de guerras palacianas que, por terem estado no cesto da gávea, se sentem experimentados e sabedores de capitania, por terem visto o horizonte.

Temo que não encontre na história qualquer referência a navios que tenham tido sucesso sem bons comandantes. Desses não rezam a história. A bruma das memórias velam esses marujos e apenas se (a)guarda a esperança de quem não regressa (e que boa falta fazia).

Quo Vadis, Portugal? De que metal somos feitos? De que raízes somos gerados? Como podemos vergar-nos a um futuro sem esperança, aguardando sentados à espera que nos convoquem? Onde estás, “Oh Captain, My Captain”? Seremos mais uma geração (pre)destinada a ser esquecida por essa cortina implacável do pó levantado da terra árida? Se sim, que ao menos preparemos os nossos filhos a serem eles a próxima Ínclita Geração! Bloga-me isto!

terça-feira, junho 19, 2012

O fruto da árvore da sabedoria


Há pouco tempo falava com um amigo e desabafei-lhe entrementes “Meu caro, a ignorância é uma bênção”. Conversávamos sobre democracia na europa mas podíamos estar a falar de qualquer tema existencial. Fui, de novo, catapultado para este desabafo num Domingo com o Adão e a Eva, comendo o fruto da sabedoria.

De facto, a alegoria do fruto proibido é uma fonte de inspiração sobre o tema da responsabilidade do exercício de pensar e exercer a liberdade e as consequências que advêm do seu usufruto. Comer o fruto da “árvore” da sabedoria faz-nos compreender que estamos nus, que precisamos de trabalhar para sobreviver e que sofremos fisicamente a nossa humanidade. Em contramão, imaginar que, sem a sabedoria, vive-se num paraíso, no jardim do Éden, em que a vida é fácil e despreocupada, as serpentes não rastejam, os frutos abundam e o hedonismo é só ultrapassado pela ignorância, faz-nos mesmo pensar porque aquela árvore no centro do jardim era tão perigosa.

Mas esse é o preço da nossa liberdade. Comer o fruto, ou não, é um acto de termos sido feitos livres. E se o provamos, independentemente de sermos ou não responsáveis por degusta-lo, se o provamos por iniciativa própria ou se nos é dado a comer, teremos que arcar com a sua consequência que, não é mais nem menos, que a responsabilidade do acto. Todo o exercício da liberdade tem que ser feito sabendo que se o tomamos, tem consequências do qual seremos aquilatados.

Do particular poderemos (necessariamente) partir para o geral. A constituição de sociedades, agrupadas em nações, é um acto voluntário de pessoas, na sua essência, livres, que as constituem e onde a liberdade do individuo não é ultrapassada pela vontade da maioria. Se pertencemos a um país onde a liberdade é real, então somos todos responsáveis por ele. Não é culpa de um grupo específico nem duma classe (não é culpa da serpente nem da mulher). É culpa de todos, que enquanto pessoas livres, fomos feitos responsáveis pelos nossos actos.

Temos maus políticos? De quem é a culpa? Bloga-me isto!

terça-feira, abril 12, 2011

O país das inevitabilidades


Era inevitável escrever sobre isto. Refiro-me à constante forma de conduzirmos as coisas que as tornamos inevitáveis.


O nosso país, no fundo, é o país das inevitabilidades. O que apenas demonstra que somos um país reactivo e não proactivo. Como dizia Kennedy “As coisas não acontecem. São provocadas”. E é tão verdade. Este fado que nos expõem, num caminho que tem de ser sempre fatalmente trilhado, a que irremediavelmente nos conduzem, geração após geração, num ciclo histórico e vicioso. As decisões erradas que hoje tomamos irão irremediavelmente reflectir-se no futuro. Poder-se-á dizer que é senso comum o que afirmo, mas os factos demonstram que não é prática comum. Será aceitável que, desde que existo, o FMI já esteve aqui 3 vezes? E a resposta conduz a outra pergunta: será que, até morrer, entrará mais?


Sempre que penso sobre isto faço a analogia com a parábola do filho pródigo. Aquele filho que, vendo-se com dinheiro nos bolsos, vai estoura-lo em festas e meretrizes até ficar na pobreza. E, envergonhado por ser tratado abaixo de porco, vem de mão estendida pedir ao pai que, pelo menos, o trate como um seu empregado, tendo o desprezo do irmão sabedor. Assim somos. Assim fomos. E gostaria de acreditar que assim não seremos mais.


Não querendo entrar em ideologias, acredito que no quadro de limitações actual (moeda comum, pertencendo a uma organização como a UE, operando numa economia de mercado e, neste momento, com as restrições que nos serão impostas pelo FMI) a nossa curta capacidade de decisão terá de ser, forçosamente, bem pensada, fundamentada, estruturada e aplicada. Deveremos exigir isso a quem nos governa e deveremos exigir-nos a nós próprios que o façamos na nossa vida. Temos de ser tão exigentes com quem gere o nosso dinheiro comum assim como teremos de ser exigentes a gerir o nosso próprio dinheiro.


Se dentro da liberdade individual, cada um é livre de se governar e arcar com as respectivas consequências, dentro da gestão da res publica essas consequências são divididas por todos. Refiro-me a pequenas coisas como atirar lixo para o chão, porque alguém é pago para apanhar, ou “eu faço assim e quem venha atrás feche a porta”. Mentalidade tão nossa mas que, uma vez mais, leva a inevitabilidades que acabamos todos por sofrer. Um país, uma nação, é um corpo numa tal interdependência que a saúde e a doença de uma parte afecta inevitavelmente a outra. Não é um conjunto de ilhas isoladas.


Aproveitemos os desafiantes tempos que temos pela frente para repensarmo-nos como sociedade. Na mudança de mentalidades e paradigmas que nos regem. Sob pena de, assim passada a tempestade e vinda a bonança, passada a austeridade e nos virmos, de novo, com os bolsos cheios, não caiamos na inevitabilidade de ir o gastar com festas e meretrizes.


*Bloga-me isto!

terça-feira, dezembro 21, 2010

Mundo sem herois


Estranhos tempos vivemos hoje. Tempos recheados de paradoxos que, como qualquer coisa que seja contraditória, causa confusão. Todos observamos a crescente utilização de redes sociais como forma de ligar pessoas mas nunca antes observamos tantos casos de solidão, arrastados de uma forma ou outra. Não obstante destas contradições, poderíamos dizer que a vida de hoje está mais facilitada em relação a outros tempos. Até poderíamos dizer que hoje em dia, somos tentados a pensar que há muita pouca coisa porque lutar. Na verdade, no actual mundo ocidental têm-se a sensação de que o importante está conquistado. Democracias maduras, estados sociais, direitos humanos consolidados, ausência de guerras. Os problemas da economia existentes, e que afectam sobremaneira algumas faixas da população, são encarados como conjunturais, vestígios de alguma má gestão, que em breve será resolvida por quem as criou ou por alguém que irá substitui-los. Enfim, alguém irá faze-los desaparecer. Resumindo, a pessoa ocidental, ou como quem diz moderna, é um ser passivo, maravilhado com a era da tecnologia e informação, consumista e prisioneiro na cela de sua casa. Domina o (seu) mundo pelo ecrã da televisão ou do computador mas, dificilmente, se encontra confrontado com adversidades mobilizadoras. É um mundo sem heróis.


Provavelmente, nesta altura já vos consegui pôr a dormir mas não devia. É que esta é uma possível explicação porque normalmente sentimos pouca motivação para agarrar alguma causa. Ela até nos poderá ser atractiva, apelar à nossa lógica, mas cedo nos deparamos com a nossa pouca iniciativa, dizendo como naquela música dos Deolinda “…vão indo que eu vou já lá ter”.


E para onde foi a nossa coragem e a nossa bravura? Será que esses atributos só vêm nos nossos livros de história, praticados em guerras por alguém do antigamente? E onde está a nossa vontade por justiça, equidade e verdade? Não será isto mesmo que torna os actos banais em heróicos?


“Uma pessoa só atinge totalmente a maturidade no momento em que escolhe causas que valem mais que a sua própria vida” disse Mounier. Temos a opção de escolher uma causa que é maior que nós próprios. Com a MARCA queremos atingir essa causa que, só pelo facto de podermos aspirar a concretiza-la, nos devíamos orgulhar de lhe pertencer. Não é uma causa para desistir, porque não é uma opção. O futuro do nosso país depende duma mudança de paradigma, de mentalidade, de cultura. Sem ela, nunca deixaremos de ser dos “ingovernáveis” povos de sul, pobres de espírito, em que o progresso não pára na nossa estação, apenas passa à velocidade suficiente de saltarmos para a última carruagem. Esse é o país que não queremos mas se não fizermos nada, é esse o que teremos. Homens como Sá Carneiro tinham a causas porque lutar. E nós, não teremos?


A vocês deixo-vos, portanto, a pergunta: Que legado querem deixar?


Acredito que a vossa causa não passe por um movimento como a MARCA. Mas não deixem de ter uma, porque todos precisamos de ter. No entanto aqui, se se juntarem a nós, lutaremos para que isso aconteça. Podemos ser um país sem heróis, ao revés de outrora, mas podemos mostrar ao país que ainda existem pessoas que acreditam que o nosso país pode ser próspero pelo engenho e arte dos portugueses, e fazer orgulhosos os nossos avós que, com sangue, suor e lágrimas deixaram a nação em que hoje vivemos.


*Bloga-me isto!

quinta-feira, junho 04, 2009

Post-this...


Existem, pelo menos, 4 coisas que nunca mais podem ser recuperadas:


  • A Pedra depois de atirada...


  • A Palavra depois de proferida...


  • A Ocasião depois de perdida...


  • O Tempo depois de passado.
Assim seja. *Bloga-me isto!

quarta-feira, maio 27, 2009

O definhamento do Porto



Sou da cidade do Porto.

Vai para tempos imemoráveis que esta frase, dita pelos seus habitantes, é proferida com um rasgo de orgulho. O nosso peito incha, inflama com a sua invocação. Como que sentindo o legado dos nossos antepassados, do peso da nossa história para gesta do nosso país. E não é em vão. Não só porque daqui deriva o nome de Portugal mas porque, em qualquer momento marcante, estivemos sempre lá. De corpo e alma.

A sua riqueza não é só feita de tangibilidades. É feita pela alma de um povo trabalhador, habituados a serem timoneiros do seu próprio destino, a talharem a forma do seu fado.

A sua beleza não é cosmética. A sua luz cintila por entre a opacidade plúmbea das suas paredes, essa luz pura e verdadeira que irradia do âmago, de dentro para fora, da sua índole. Como a nossa divisa, que está gravada em nossos corações, irradiando: “Antiga, mui nobre, sempre leal, invicta cidade do Porto”. Ser do Porto é mais do que um acto físico e de ocupação de um espaço. É preciso ser do Porto para se perceber isso.

Ora, tal paixão que me guia na vida, força-me a ser sensível a tudo que se passa na minha cidade, quer seja boa ou quer seja má.

Há pouco tempo, fui confrontado com os números implacáveis (e quão implacáveis são) do desenvolvimento do nosso país nos últimos 20 anos, numa radiografia feita retalhando o nosso país nas suas 30 NUTS (Nomenclatura de Unidades Territoriais). Aqui vai uma súmula de alguns indicadores relevantes, comparando a NUT Grande Porto com a Grande Lisboa.
Indicador----Grande Porto - Grande Lisboa
---------------1989----Hoje---1989---Hoje
PIB (%)------14,56---12,03---5,52---31,09
PIB per capita
(Portugal=100)----124,24---99,68--87,07--163,04
Crescimento
PIB per capita (%)----------194,1----------586,3
(Fonte:INE)

Já ouvimos falar, vezes amiúde, do declínio económico do Porto. Aqui, nestes números, está espelhado o definhamento, sobretudo em comparação com a capital. É certo que as razões para tal não podem ser resumidas na megalocefalia perpetrada por governos sucessivos da democracia. Mas, indiscutivelmente, o seu peso é decisivo. E a verdade é que nesses governos houve vários ministros que originavam do Porto e que, aparentemente, nada importou. Alguma síndrome da “Queda do Anjo” relatado pelo Camilo?

No entanto, gostaria de não só culpabilizar esta tendência nacional, eu diria mais, histórica, de sempre que há dinheiro, esse ser gasto na capital. Apesar das minhas entranhas pedirem sempre contas, de uma forma quase primitiva, ao centralismo, ao ralo do país que é Lisboa.

Não quero só culpabilizar porque, a verdade, é que a culpa aqui não tem apenas um esposo. Por muito que nos custe ouvir e concordar, foi muito à custa da nossa indolência que ficamos arredados da vanguarda da modernização. As nossas indústrias, orgulho passado e alavancas de uma prosperidade pretérita, não passam hoje (com raras excepções) de monos arcaicos, baseadas na mão-de-obra barata e de produtos caducos. A actividade secundária não foi modernizada segundo os padrões actuais de competitividade. Poucas são suficientemente criativas para poder cativar os recursos humanos disponíveis nas nossas universidades, quanto mais aos competitivos mercados internacionais. E o nosso estiolamento gerou-se aqui.

O futuro da nossa cidade está nas suas gentes. Sempre foi e sempre será. E hoje em dia, muito mais é. No advento da nova era, a Era da Tecnologia e Informação, em que o principal activo de uma empresa é o trabalhador, altamente qualificado. Temos a maior e melhor universidade do país, uma excelente escola de gestão, as ferramentas necessárias para formar e debitar a mão-de-obra qualificada para podermos fazer frente aos desafios que esta nova era nos coloca. E é neste caminho que temos de encarrilar para apanharmos o expresso do progresso.

Que seja neste período, difícil mas altamente desafiante, que mostremos essa fibra que nos constitui, essa mesmo que, durante séculos, fez que o Porto seja a cidade respeitada que é.

O meu Porto, *Bloga-me isto!

sexta-feira, maio 15, 2009

Rogativa


O futuro a Deus pertence
O labor que nos merece.
Ó divina protecção
Não desvies a tua atenção
Para quem te suplica
A tua poderosa mão
E com quem satisfeito não fica
Com uma breve locução.
A vida é feita de sofrimento
Tão frequente como o alimento.
Malhando-nos como metal
Temperando-nos como o sal.
Da matéria de que sou feito
Não me interpretes como tal,
Porque com tanto defeito
Assim, fico tão mal.
O futuro a Deus pertence
E ainda bem que pertence.
Pois o presente previsto
Do passado não me visto.
Dele não quero ser refugiado.
Livre, por tal insisto
Deixar-te assim o recado
Aqui, no *Bloga-me isto!

quinta-feira, maio 14, 2009

Tetraficado...


Um breve comentário ao meu Porto…

Uma equipa que ganha assim tão consistentemente, nunca pode ser acaso do fortuito. É algo que se constrói desde a cabeça até às bases. Um case study. Só quem é cego é que não vê!

Siga para Penta…

quarta-feira, maio 06, 2009

A crise segundo "Einstein"


"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado".

Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la."

Albert Einstein

Pensamento intemporal do génio. Para a crise *Bloga-me isto!

quinta-feira, abril 30, 2009

Pergunta e resposta!


P: Em tempos de crise, gastar cerca de 1 milhão de euros em carros novos para a Assembleia da República?
R: É a teoria Keynesiana, estúpido.
Ah, pois! *Bloga-me isto!

terça-feira, abril 07, 2009

Democracia...

Democracia. Do grego Demokratia que significa “poder do povo”. Com boa razão deriva a palavra do grego, já que foi na Grécia antiga que este sistema de governação foi desenhado. Trivialidades. Tinha de começar por algum sítio e comecei pelo princípio, passo o pleonasmo. Em verdade, a Grécia antiga deu-nos o Sócrates e a nossa democracia deu-nos outro Sócrates, com algumas (grandes) diferenças, pois de registos não irão faltar sobre o mais novo e acho que a cicuta não estará nas bebidas que experimentará. Mas não irei falar desta personagem, mas sim do sistema que o debitou. A democracia.

Sendo a democracia o “poder do povo”, em boa verdade estamos todos responsabilizados pela sua qualidade, seja ela boa ou má, segundo a nossa opinião. Porque mesmo que ela seja má, ninguém poderá dizer porque não é culpa sua, salvo que a democracia não seja o seu sistema de governação preferido. Mas aí, também, atura a democracia reinante porque quer, não faltando outros países que tenham outros sistemas que se aproximem mais dos seus desejos. Se há coisa que a globalização trouxe foi oferta de tudo o que existe. Resumindo esta ideia, a democracia deverá ser um somatório de vontades, de pessoas livres, que escolhem e acatam a vontade da maioria. Outra trivialidade.

Sendo assim, porque é que, de uma maneira geral, os gestores deste sistema, os políticos, estão tão descredibilizados e, por inerência, ajudam a que se sinta um ambiente de insatisfação perante a democracia? Não sou eu que o digo. Uma constatação evidente é a clara abstenção das eleições. Ninguém sério poderá dizer que, quando repetitivamente, a abstenção está acima dos 30% nas legislativas (35,74% em 2005, mais de um terço da população) que é normal. Um terço do nosso país não sabe o que quer? Não tem opinião? Eu interpreto mais pelo lado pragmático do drama: não vão votar porque não sentem vontade nem incentivo ao exercício do acto. São os comodistas, poderão dizer, mas são a face visível do problema da descredibilização na actividade política. Quando existe motivação, esta percentagem de comodistas é residual. É a percentagem daqueles que realmente não sabem nem tem opinião. Mas creio que as pessoas sabem o que querem, e quando a paixão ardente lhes trespassa o coração, a verdadeira motivação, são como chamas em floresta seca. Alastra e arrasta multidões. Temos, por certo, ilustrações disso. Quem não se lembra do entusiasmo do país à volta da selecção na final do europeu em 2004. Dificilmente alguém sentia-se indiferente ao ambiente, mesmo que não goste de futebol. Isto é assim quando há uma visão, uma missão e um objectivo em que estejam todos alinhados. É imparável.

É sobre a resposta à pergunta formulada que me proponho aqui escrever.

O observador comum, em que me incluo, é quase diariamente confrontado com situações que em nada dignificam a democracia. A suspeição de corrupção sobre os decisores, o enriquecimento ilícito de políticos, a impunidade de quem é poderoso, entra-nos pelos olhos dentro a uma velocidade quase impossível de assimilar. Não falo da questão que um jornal diário tem hoje em dia mais informação que um cidadão do século XVIII teria numa só vida. Refiro-me a que são tantas que é impossível aceitar todas. São tantos os casos que, para mantermos alguma sanidade e confiança no sistema, ignoramos algumas. São tantas que torna-se normal e corriqueiro. E, lentamente, como gota a gota em pedra dura, vamos desmoralizando, definhando, quebrando. Baixamos os braços porque conhecemos a história de D. Quixote e sabemos que estamos a combater moinhos de vento, por conta duma Dulcineia que nos zomba. Cavaleiros da triste figura.

Estarei a ser exagerado? Estarei, por ventura, a dar preponderância ao negativo em detrimento do louvável? Lembro-me quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, o que de mais grave se lhe apontou (em termos ilícitos) era uma suposta remodelação da casa de banho. Não vou fazer mais comparações. Mas há, nitidamente, hoje em dia um degradar de respeito e de confiança da figura do estado e das suas instituições que o constituem.

O que acabo por observar é que esta conspurcação acaba por ser como um mau cheiro a que nos habituamos. Não é difícil encontrar gente boa que vota em políticos corruptos porque “rouba mas, ao menos, faz alguma coisa”. A capitulação dos nossos próprios valores perante “o mal menor”. É uma classe média que se verga interiormente e isso resulta no patamar desclassificado que valorizamos os nossos políticos, e depois a democracia por tabela. Jamais será possível ver uma democracia saudável com uma classe média despojada, quer de valores materiais, quer de valores morais. E, na minha opinião, é isso que se passa na nossa classe média. Desencantamento. Desapontamento. Enfadamento. Atraiçoamento.

Como foi, sabiamente, aqui comentado por uma ilustre visitante “Para que o mal vença, basta que as pessoas boas não façam nada”. Nada mais. É tempo de fazermos alguma coisa. É tempo de sair do nosso confortável sofá e fazermos algo mais que “zapiar” os canais quando aparecem os políticos a falar. É tempo de estendermos as nossas conversas de café para auditórios mais vastos. É tempo de sermos mais interventivos e não deixarmos que usurpadores levem a nossa lisura e orgulho. O que ficará após nos levarem essa centelha de amor-próprio que nos faz ir votar? Não temos que nivelar por baixo quem nos representa, rebaixando-nos.
Este desidrato meu é, nada mais, nada menos, o que me vai na alma. O meu mea culpa da situação existente. Cada vez que hesitei em me tornar mais interventivo, ajudei a que outros, sem escrúpulos, tivessem a oportunidade de rapinar.

Por isso, daqui clamo, ó gente da minha terra, ó gente boa e trabalhadora, de todas as classes sociais, façamos mais pela nossa democracia. Unamos esforços, dentro do nosso círculo de influência, por tornarmos células de grandeza e de exemplo.

Deixo-vos duas pérolas de Churchill:
"A democracia é a pior forma de governo, exceptuando todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos"
“Vivemos com o que recebemos, mas marcamos a vida com o que damos."

Palavras para quê! *Bloga-me isto!

quarta-feira, março 18, 2009

The Road Not Taken


Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.




Robert Frost (Mountain Interval, 1920)


*Bloga-me isto!

Viagem ao nosso centro...


Aprendi muito sobre a vida nos últimos tempos. Tempos difíceis, logo, tempos frutuosos. De facto, o aumento das nossas capacidades está directamente relacionado com a saída da nossa “zona de conforto”. Essa zona não nos ajuda nada em termos de progressão na globalidade das nossas dimensões, quer sejam físicas, mentais, emocionais e espirituais. É nos momentos que atingimos os nossos limites, qualquer que seja a situação, que esses limites são expandidos. É como na entrada em territórios estranhos. Só deixam de ser estranhos quando são explorados.


Devíamos sempre explorar os nossos limites. Guiados sempre pela consciência, que bem usada, indica-nos sempre o caminho certo. Mas nunca conformando-nos com o que já atingimos. Normalmente significa caminhos estreitos e perigosos, diferentes de largas avenidas cheias de luz, mas o fim é sempre mais grandioso e luminoso. A definição de sacrifício não é mais do que abdicar de algo bom por algo ainda melhor. E quando assim é, só podemos encetar nesse caminho, que nos levará à felicidade.


Faz todo o sentido falar disso hoje em dia. A nossa sociedade vive de valores imediatistas, do arranjo fácil. Nada pode ser feito se não obtiver resultados para ontem. O consumo ávido e impaciente atropela os princípios básicos de que se rege o universo. Ninguém pode atirar-se de um prédio e a meio resolver que já não quer cair. A gravidade está a rege-lo. Do mesmo modo, nada de positivo pode ser criado da noite para o dia, como Roma e Pavia.


Plutarco disse:” Encontrar defeito é fácil, mas fazer melhor pode ser difícil”. Façamos o mais difícil para depois ser mais fácil. *Bloga-me isto!

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Feeport (do inglês "as comissões portuguesas")


É triste mas o nosso país está, uma mais vez, embrulhado no manto da suspeição de corrupção, afectando agora o mediático PM. Adjectivo a dita personagem visto este se queixar dos media na série, quase frenética, de factos diários que vêm à luz do que está na escuridão das investigações. Frases tipo “o feitiço virou-se para o feiticeiro” ou “provar do próprio veneno” ou ainda “Quem com ferros mata, com ferros morre” afloram-se-me ao espírito, para quem viveu, até hoje, da poderosa ferramenta que é o quarto poder. Se há manobras nos bastidores, partidárias ou não, sinceramente não me interessa. Há, de facto, algo de estranho ali. Ninguém pode, para já, afirmar que o ministro há data, terá recebido um fee (para ser suave), mas quanto a um “tráfico de influências”, já é diferente.



Li a opinião de um primo meu no JN, o Manuel Serrão, que lamentava este episódio, já que parecia que ninguém em cargos que se adjudicam compras, tanto no sector público como no privado, teriam de ser órfãos de família. Entendo a argumentação mas acho que, por isso mesmo, tem de se ser muito transparente para que não subsistam dúvidas nenhumas. Resumia que “À mulher de César não basta ser honesta. Tem de parecer honesta”. Muito mais em gestores da res publica. E com pareceres aprovados a correr e de forma pouco clara, poucos dias antes de eleições, não se parece nada honesto! Parafraseando o homónimo, o PM sugere dizer:”Só sei que nada sei”… Mas todos sabemos que Sócrates sabia do que sabia.



Apesar de não gostar nada do visado, lamento que tudo isto se passe. É que isto é mais uma estação na via sacra para o calvário, sendo nós os “crucificados”. E neste “sacrifício” não temos por companhia os “ladrões”. *Bloga-me isto!

terça-feira, janeiro 20, 2009

MMIX


Ainda não tinha escrito nada este ano. E haveria tanto por escrever…


Gostaria de desejar a todos o melhor ano de 2009 possível. A incerteza que paira no nosso horizonte é grande, ainda agravada pela cambada de imbecis que nos governam. O que hoje é dito, amanhã pode ser desmentido. E a culpa, como será durante todo o ano, é a crise. Costas largas terá a conjuntura.


Será um ano, a nível pessoal, de muitos desafios. Vou tentar que aqui seja um espaço onde possa ir balanceando o meu barco, porque a falar é que a gente se entende e a escrever é que a gente se sente.


Lanço aqui a minha “mensagem na garrafa” no mar imenso cibernauta:


Disse Jacques Philippe: “Não é por termos liberdade que podemos mudar tudo à nossa volta, mas dispomos da faculdade de dar sentido a tudo (o que é muito melhor), mesmo àquilo que não o tem! Nem sempre somos senhores do desenvolvimento da nossa vida, mas somos sempre senhores do sentido que lhe conferimos.” Sejamos capazes de entranhar bem este conceito.


Bem hajam, *Bloga-me isto!

sexta-feira, novembro 21, 2008

Turn my head

Anyone, caught in your mystery
keep it angry
keep it whispy
I've fallen down
drunk on your juices

I turn my head
turn my head
it's aimed at you

Funky temple your dress is torn to shreds
your eyes are crazy
I bowed to save my head and
I can't forget you
but I can remember

I turn my head
turn my head
it's aimed at you

Oh no, we came to love you all day
these bastards are leavin'
somebody's got to stay
whatever we called you
it's just a name
just a name

by Live

sexta-feira, novembro 14, 2008

O nosso habitat...


Qualquer animal faz por o seu habitat ser harmonioso. É uma questão de sobrevivência. O animal humano tenta realiza-lo juntando à sobrevivência o conforto. A inteligência dá-nos a faculdade de modificarmos o que nos rodeia e a disponibilizar o que não aparece naturalmente para cada vez sobrevivermos mais tempo e em melhores condições. Até agora não disse nada de novo. Um pouco de filosofia apenas para justificar o meu post. Para justificar a minha indignação por sermos um país pobre (e acrescento, sem perspectivas de modificar).


As razões para o sermos são muitas e conhecidas. Já se fizeram estudos, já se debateu na sociedade civil, em movimentos mais ou menos organizados, já se debateu na Assembleia da República, em cafés e reuniões de amigos. Todos já falamos disso. Todos sabemos disso. Todos nos queixamos disso. Mas fazemos alguma coisa para o mudar?


É uma pergunta retórica, bem sei. Mas gostaria de falar de uma das razões que, pessoalmente, acredito ser a mãe de todas as justificações. Ela é a corrupção, no seu sentido lato.


Ela é o cancro que mina o nosso desenvolvimento. Está tão disseminada em nós e na nossa cultura como está o bacalhau. Que outra razão seria se observamos que, por exemplo, autarcas corruptos ganhem eleições? Não digo apenas aqueles que têm julgamentos a decorrer ou já sentenciados mas igualmente aqueles que vemos que entram pobres nas câmaras e saem milionários. A incrível justificação é que “Roubam mas ao menos fazem alguma coisa pela terra”. Admirável.


Como admitimos que desde que entramos na União Europeia tenhamos recebido biliões de euros, muito mais que certos países da União Europeia que entraram muito depois de nós, eram mais pobres e hoje são mais ricos. É por sermos um país periférico? Patético.


E o famoso factor “C”? Não será também um sistema de valorizar o social em vez do mérito? Também a esse nível há corrupção.


Isto, obviamente, cria fossos entre aqueles que estão privilegiados em ter acesso ao dinheiro recebido e aqueles a quem não chegam a cheira-lo nem a ver a sua cor. A teia de interesses instalados torna a distribuição desigual e a sua aplicação ineficiente.


E por tal, nunca seremos um país rico. Posso estar a ser muito definitivo mas tenho quase 900 anos de histórico para o comprovar. Mesmo nos saudosos séculos dos descobrimentos, em que bilhões de euros entraram em Portugal, havia na mesma fome e pobreza (indiquei euros de propósito para criar a metáfora). Nunca a riqueza criada foi aplicada para desenvolver o país mas sim o dispêndio, o acessório, o luxo. Antes como agora. Os juros baixos dos últimos anos apenas serviram para endividar e não para investir. Isto está nos nossos genes. É inevitável.


Há um provérbio chinês que diz: “Se os teus projectos forem para um ano, semeia o grão. Se forem para dez anos, planta uma árvore. Se forem para cem anos, educa o povo.” O nosso drama é: quem educa quem?


Querem viver num país rico? Mudem de país! *Bloga-me isto!

sexta-feira, outubro 03, 2008

O subterrâneo de Lino

A Hidra de Lino

Estive a tentar dominar-me para não voltar a escrever sobre “ele” mas não resisti! É mais forte do que eu, até porque “ele” parece também não resistir em prejudicar o Porto.


A última tem a haver com o metro.


A pompa e circunstância da assinatura da calendarização das novas fases de alargamento do metro do Porto que, no ano passado, foi assinado com o PM, foi na semana passada “fumada” pelo seu ministro das obras públicas lisbonenses e arredores.


Ora, imagine-se, que em plena crise financeira mundial, há uns autarcas no norte, levados por aspirações das suas gentes, que pensam em gastar dinheiro dos contribuintes em projectos tão dispendiosos como o metro. E quem é que deveria corrigir este despropositado? Nada mais do que o famoso Lino. Admiro este homem. Depois de tanta javardice, o elefante mostra como se consegue equilibrar no nenúfar. É admirável ou talvez não. Depende de que lado do país se está.


O que me apraz dizer sobre isto? Bem, é nitidamente atentatório o que este ser vivo rastejante anda a fazer ao resto do país, nomeadamente ao Porto. É difícil explicar e justificar perante as populações que vivem nesta zona que, dinheiro para fazer aeroportos em desertos, pontes rodo-ferro-fluvió-aero-viárias, TGV’s, compensações de 2 mil milhões de euros só porque disse “Jamais”, chega para isto tudo e que o resto “vê-se daqui a 20 anos”, palavras estas proferidas pela marioneta colocada na administração da empresa que, a propósito, foi moeda de troca para que os projectos do alargamento fossem calendarizados e acordados com o PM!!!! A fúria ainda se torna maior quando assistimos à congénere empresa de Lisboa que, acreditando no que está escrito no site, tenha obras em execução e projectos para alargamentos que nem sejam discutidos. Temos um ditado que diz: “Quem não sente, não é filho de boa gente”. Ora aqui somos todos boa gente, logo o silogismo impele-nos a que nos sintamos ultrajados.


Quando é que nos dão a regionalização para acabarmos com este centralismo desmesurado? Quando vamos unir as nossas vozes num coro ensurdecedor para que, de uma vez por todas, parem estes ataques constantes ao nosso progresso?


Em relação a esse pateta que temos como ministro, continua a sibilar pelos corredores do poder central, sem que nada aparentemente o atinja. Continua no seu abjecto ímpeto de prejudicar interesses nacionais que não estejam num raio de 50 km do ralo do esgoto que ele colocou no MOP. Talvez a razão para que ele goste mais do metro de Lisboa em relação ao do Porto, é que o primeiro é subterrâneo e o outro é à superfície. Deve-se sentir mais em casa. Ele faz-me lembrar a Hidra de Lerna, com seu hálito venenoso, porque sempre que alguém lhe parece cortar a cabeça, eis que renasce outras duas em seu lugar. Não temos um Hércules para o expulsar mas espero que umas eleições o ponham debaixo da pedra de onde ele rastejou.


Para as profundezas, o meu *Bloga-me isto!

quinta-feira, setembro 25, 2008

Leitura...

Sua existência define-se por linhas, versejando por todo o espaço. Umas mais longas, outras mais curtas, rasgadas até ao infinito. A exuberância do belo que transmite, sensorialmente, a química inerente. Percorro-as, ávido de leitura, sedento de conhecimento, num consumo insaciável, qual suplicio de Tântalo. Os cantos e recantos que são cantados, exalam seu perfume irresistível, quais cantos de sereias, abraçados pelas teias do desejo. Arranca dentro de mim a paixão, a volúpia, o êxtase dos sentidos. Tanto se escreve, tanto se lê, mas nunca se consegue atingir. Como, se a imaginação é maior que nós? Como, se esta é mais importante que o conhecimento? Como, se a nossa inépcia instintiva tolda-nos a pena pela regurgitação da maça da árvore proibida? Oh vil serpente da tentação, pelas tuas acções estamos confinados ao óbvio, ao superficial, ao inteligível. Os seus segredos estarão sempre por desvendar, qual tesouro guardado por Cérbero, cujos labores incansáveis nos obriga a realizar. Percorro mas alguma vez cansarei? *Bloga-me isto!

terça-feira, setembro 23, 2008

Portugal Tropical


Tenho lido alguns especialistas, nomeadamente no relatório Stern, que Portugal arrisca ser um deserto devido às alterações do clima com o aquecimento global. Não o deserto previsto pelo ministro Lino, mas uma extensão do Sahara no sul da Europa.

Pois bem. Eu tenho uma teoria diferente. Constatando os últimos Verões chuvosos que temos tido, ao inverso dos Invernos secos, acho o que está a acontecer é ficarmos com um clima tropical, em que no Verão temos a monções. Ontem contei 40 minutos de chuva intensa que me fez lembrar as chuvas que apanhei na Índia há duas semanas.

Um Portugal tropical é pois a minha teoria. Agora é que vamos mesmo ser uma república das bananas! E outras frutas…

Viva as monções...*Bloga-me isto!

quinta-feira, setembro 18, 2008

Gulp Renováveis


Para mortais que obrigatoriamente têm de usar diariamente o carro, como eu, não podem ficar indiferentes à escalada de subida de preços da gasolina (ou gasóleo). Sempre que vamos abastecer o bólide, lá fazemos figas para que a Comissão de Autorização a Roubos para Tolos, Estúpidos e Lorpas (CARTEL) não tenha subido ligeiramente os lucros, perdão, os preços dos combustíveis. Ligeiramente porque é ligeiramente que vão subindo os preços. Ora sobe, ora recua, do género dois passos à frente e um atrás.

É claro que entendo, e compreendo, as justificações dadas pelo CARTEL sobre as razões da subida dos preços, ou não fosse um tolo e um lorpa. Nem sou a favor da taxa "Robin dos Bosques". Isso de roubar às pobres petrolíferas para dar aos ricos párias que temos na nossa sociedade, não está certo. Enfim, suponho que esta taxa é mais uma das muitas que o preço final do combustível já tem. Aliás, acho que os combustíveis não só poluem com CO2 mas também com todas as taxas e impostos que têm diluídos na sua composição, o que é verdadeiramente nefasto para o nosso meio ambiente.

Lembro-me de uma telenovela brasileira, que não me lembro do nome, em que havia um personagem que tinha inventado a urinolina. Isso é que era bom. Assim, em vez de eles cagarem para nós, mijávamos nós neles… Literalmente!

Ó CARTEL, *Bloga-me isto!

sexta-feira, maio 16, 2008

Imagem da viagem para Caracas

O nosso PM foi apanhado a fumar no voo para Caracas. Já não é novidade.
A justificação foi que não conhecia a lei, que foi aprovada pelo seu governo. Também não é novidade. Faz lembrar uns projectos em que supostamente assinou mas não foi ele que os fez.

É razão para dizer: “Ó Zé, dá-me uma passa!” Passou-se.



*Bloga-me isto!

quarta-feira, maio 07, 2008

"Pensatempos"


Gosto de ler frases feitas. Mais famosas, menos famosas. Não interessa. O que me agrada é ler reflexões, pensamentos, inspirações, conselhos, pedaços de rasgos iluminados que colocam em palavras realidades que muitas vezes sentimos mas não as sabemos exprimir, concretizando as abstracções. Fica bem uma frase destas num fim de um texto, tal cereja no topo do bolo. Faço-o aqui várias vezes. Mas faço sempre a respectiva vénia a quem a proferiu pela primeira vez, referindo o seu autor.

Há dias tive o “desprazer” de passar os olhos por um livro editado por uma personalidade muito conhecida da nossa praça. O dito VIP chamou a esse livro o nome pomposo de “Pensamentos”, dele subentende-se. Tratam-se de frases alegadamente proferidas ou registadas desta persona, que inspiraram sua vida pessoal e profissional. Tudo muito bem. Pode se achar vindo de uma pessoa de ego inchado e pouco modesto, mas trata-se realmente de alguém que venceu na vida. Agora o pior é apropriar-se de frases, a maior parte delas desconhecidas do grande público, como suas. Algumas foram ardilosamente modificadas, como por exemplo “O meu gasto mais dispendioso é o tempo”, mas a maior parte estão “escarrapachadas” como realmente vieram ao mundo.

Suspeito que a pessoa nem sonha que essas frases já foram ditas e que nem imagina que o indivíduo que contratou para fazer o dito livro nem sequer foi muito estudioso para buscar as “frases soltas”. Bastou ler um panfleto do banco BES.

Diz-se que uma mentira dita muitas vezes torna-se verdade. Será que uma verdade dita muitas vezes perde o seu dono? Espero que não porque as ideias têm pais, não nascem órfãs. “A César o que é de César” (Jesus Cristo).

A esse VIP (Very Imported Person) o meu *Bloga-me isto!

sexta-feira, março 14, 2008

Vã razão de ... voltar!


O bom filho à casa volta.

Já sentia saudades de escrever.

O mundo leva-nos na sua torrente imparável, qual tsunami, e por vezes nem sentimos que vamos arrastados. Tem de haver tempo para nos escutar sob pena de nos perdermos. Perdermo-nos nos nossos próprios labirintos, ameaçados por insanos minotauros à espreita.

Exagero? Talvez. Mas se nenhum homem é uma ilha, também é verdade que a ilha tem, de vez enquando, ser visitada.

Para o Teseu, um *Bloga-me isto!

terça-feira, outubro 09, 2007

O tal Canal


Há poucos dias foi o primeiro aniversário do Porto Canal. Possivelmente, por muitos desconhecido, este canal transmitido a partir de Matosinhos, é feito com um forte sotaque do Porto e, já agora porque não, do norte (mesmo que isso muitas vezes não significa o mesmo).

É um canal visivelmente feito com parcos recursos mas largamente compensado por um grande coração, cheio de vontade de ser uma voz activa nesta empobrecida e sangrada cidade. A sua juventude, não só pelo tempo de vida mas também pela idade dos seus protagonistas, irradia alegria e originalidade em muitos dos seus programas. No panorama das nossas televisões, onde pouco se aproveita, este canal é uma lufada de ar fresco, com uma grelha onde existem programas como o “Humor Cão” e “Por um canudo”, do hilariante João Seabra, “Crónicas” dos historiadores Júlio Couto e Joel Cleto, e outros como “Voltas pela cidade”, “Porto Alive!”, “Sozinha da cidade”, “A bola é redonda” etc etc…

Aconselho todos a ver. Nem que seja dar uma oportunidade a esta gente que tenta dizer, com sotaque, que esta cidade tem vida própria, muito para dar, e que necessita de um canal para o demonstrar.

É com orgulho que digo para o Meu Canal, o Porto Canal, um *Bloga-me isto!...carago!
P.S. Eu gostava mais do antigo logotipo, com o anjinho!!!

sábado, setembro 29, 2007

Desproporcionado ou Despropositado?



Quem é que ainda não viu o episódio da entrevista do Pedro Santana Lopes a ser interrompida pela chegada do José Mourinho?

Aqui têm uma hipótese de ver.

Comentário: Bem, isto foi...ah...Não é que seja...ah... Bem vistas as coisas...ah... No fundo, no fundo....ah...ah... Bolas, foi mesmo mau! É um grande candidato ao 1º prémio dos bloppers da TV!!! Para a Somos Informação Caciqueira, o meu *Bloga-me isto!


domingo, setembro 09, 2007

Hora H


Tenho uma dúvida existencial. Uma observação cretina, possivelmente de quem não tem nada para fazer, mas que não deixa de ser uma dúvida.


Refiro-me aos anúncios publicitários dos relógios que utilizam sempre a mesma hora no mostrador. Mais exactamente, 10H10 (mais minuto menos minuto). Ou será 22H10? No entanto, não deixa de ser intrigante porque é que todos exibem a mesma hora.


Será que houve um convénio entre as empresas relojoeiras para decidir as horas a colocar, para não haver quem se adiante em relação às outras?
Ou será que as fotografias são tiradas, coincidentemente, à mesma hora?
Ou será algum presságio?
E mais estranho é notar que os anúncios lá continuam a aparecer, sempre com a mesma hora, e ninguém repara nisso??? Se ninguém repara, então porque insistir na hora???


Bem, se alguém souber, então que me elucide, nem que seja para dizer que é um fetiche sobre uma “spread eagle”…

Regresso ao futuro...

Exactamente.
Regressei doutro mundo, como quem diz, de férias.
Uma longa ausência como esta só pode ser porque se esteve de férias ou poderemos ser levados a crer que a vontade de aqui estar se esmoreceu, esqueceu ou ignorou.
Não. Queria voltar e talhar meus futuros passos por estas veredas.
I'm back!

quinta-feira, julho 19, 2007

Switch On


A irresistível leveza da fadiga, provocada por sucessivos golpes no lombo.

"Everybody hurts", sonhamos num sonho REM, mas com o azar dos outros, suporto eu bem.

A vida prepara-nos surpresas ao longo do percurso, ratoeiras bem montadas, para as quais nunca estamos preparados. Temos é de estar prontos para as mazelas. Normalmente as estocadas são sucessivas e contínuas, da esquerda e da direita, de baixo e de cima, até não podermos mais, e logo a seguir, mais um nos acerta como que dizendo “Touché”. É aí que nos temos de levantar, encarar a vida de frente, e dizer: “Não consegues melhor que isso?” O sorriso até pode ser desdentado, mas o esgar desarma qualquer um. Até para quem está sempre a fazer isso.

Tento ser assim. Mas nas alturas em que vamos ao tapete, mesmo sem pensar em atirar a toalha ao chão, pensamos sempre na campainha chamando para intervalo, naqueles breves momentos, fugazes mas retemperantes, em que possamos reunir os nossos cacos, procurar energias ocultas, chorar de raiva.
A vida afia-nos ou desgasta-nos? Quem me dera que fosse assim tão simples. É como sermos um interruptor: ora para cima ora para baixo. Mas se tivermos para baixo, que pelo menos seja na posição de luz ligada. *Bloga-me isto!

Verão o verão


É exactamente isto. Futuro do verbo ver, na terceira pessoa do plural.

O verão não é mais que uma miragem no horizonte, mas esta nem provocada pelas ondas de calor erradiantes. Apenas previsões...

Será que o S.Pedro não gostou das celebrações deste ano? A sardinha até estava óptima. Ou será que assim é mais seguro para as nossas florestas? É que nós para uma fogueirinha...

Pelo menos, até agora nem quero protestar muito porque ainda trabalho. Mas, no momento em que começar as minhas férias, será que é pedir muito um calorzinho?...

segunda-feira, julho 09, 2007

Rui matters


Após outro interregno, aqui regresso com uma notícia que deixou muito contente.


Sou muito crítico, aliás como qualquer pessoa relativamente bem informada e culta, sobre o estado em que nosso país se encontra. Deixo esse pensamento para um posterior post, o qual já se encontra no pipeline. Mas esta notícia rema contra a corrente e o protagonista dela também.


Tenho a honra de ser amigo do vencedor do 1º prémio do START - Prémio Nacional de Empreendedorismo, promovidos pelo BPI, Microsoft e UNL.


São de pessoas como o Rui Sousa que precisamos no nosso país. Espero que este prémio lhe dê o alento suficiente para que consiga "levar o barco a bom porto", e que a Stemmatters possa ser no futuro uma referência mundial nos biomateriais. Claro que o grupo dos 3B's, liderados pelo Prof. Rui Reis (do qual me orgulho igualmente de ter sido aluno e de ter sido por ele orientado no meu seminário de final de curso), estão também de parabéns pelo debito de conhecimento necessários a que esta futura empresa tenha sucesso. Mas, o passar da teoria à prática é muito difícil e isso deve-se ao Rui, tal como disse Joubert: "O génio começa as obras grandes, mas é o trabalho que as termina".


Daqui te dou os meus parabéns e anuncio ao mundo o teu feito.


Para ti, o meu *Bloga-me isto!

quarta-feira, junho 13, 2007

Um oásis no deserto

Aeroporto na margem sul do Tejo

Se há pessoa que nutro uma boa dose de antipatia é pelo ministro das Obras Públicas, Mário Lino. Pode-se comprovar, por exemplo, aqui.

Há pouco tempo, ele voltou a fazer das suas. Nada que não se pasme vindo de pitoresca figura que nos já causou, a todos, doses de elevada fruição com as suas sempre oportunas alcovitices.

Refiro-me, claro, à observação iluminada de que a margem sul do Tejo é um deserto. De facto, não compreendo o porquê de tanta indignação. O homem, de facto, tem razão e aliás tem trabalhado bastante para que se mantenha. Digo mais. Parece-me visionário o seu comentário, tendo em vista o conhecido avanço das areias do Sahara, quais exércitos dos antigos mouros, pelas planícies do sul da península Ibérica. Por tal, seria bem despropositado um elefante branco no meio de camelos. Só quem tem a vista toldada e desprovida de presciência, é que não concorda com ele. Ele próprio é um oásis no deserto do governo. Se não fosse ele de vez em quando a mandar umas bocas, isto não tinha piada nenhuma. Tome-se por exemplo a boca que ele mandou ao PM sobre ele pertencer à Ordem. Claro que as areias do Sahara têm a oposição de um D. Afonso Henriques, transmigrado em Mário Lino, a guardar a margem norte do rio Tejo, pelo menos na zona em que começam os esteios até ao oceano, naquela cidade onde se pensa que Ulisses perdeu as botas.

No fundo, penso que Mário Lino se está a candidatar a um lugar no Iraque. Percebe bastante de terrorismo, gosta de desertos e se aprecia as obras públicas, tem muito trabalho por lá. Se ele fez como causa pessoal a Ota, então espero que consigamos "bOta-lo" lá.

Para o nosso ministro mais “divertido”, o meu *Bloga-me isto!


Fim-de-semana prolongado...


Neste fim-de-semana que passou, prolongado para alguns (inclusive para mim), não foi o que se pode definir como agradável. O meu filho mais novo teve uma infecção, o que me obrigou a passar todos esses dias fechado numa enfermaria dum hospital no Porto, que não digo o nome, mas que tem S. João como padroeiro.
Para quem é pai, sabe as preocupações que envolve um filho ser internado e ainda mais quando se trata de um hospital que tem as condições que este tem. Com a agravante da bactéria rara que entrou em cena por lá, há poucos dias.
Contudo, e em abono da verdade, e talvez pelas expectativas serem baixas, o fardo até nem foi muito pesado. Não pelas instalações, que são péssimas, mas pelas pessoas, sobretudo das enfermeiras. E é tão importante, a este nível, que a trato pessoal seja excelente, não só porque o estado de ansiedade é grande, mas porque pode compensar o deficit de conforto oferecido pelo local.
É certo que criticamos muitas vezes o pessoal médico e afins, mas neste local, numa pediatria algures num hospital no Porto, as coisas até correm bem.
Claro que após uma análise mais profunda, tenho de afirmar o que concluí.
O pessoal hospitalar nestes locais apoia-se sobretudo em pessoas novas e sem emprego garantido.
No caso dos médicos, são os de regime de internato, obviamente orientados por médicos experientes, mas que ainda não possuem a natural indiferença e arrogância que atingem após alguns anos disto. Espero que a nova geração tenha um pouco mais de sensibilidade e que cresçam, não só em termos técnicos mas em humanidade, que tanto ajuda a recuperação dos doentes.
No caso dos enfermeiros, a maioria são estagiários, sem garantia que após a sua conclusão, fiquem nos quadros do hospital. É muito badalada a segurança do emprego na função pública e dos seus efeitos na produtividade do seu trabalho. Quem não se sente aquela zona de desconforto, de insegurança, dificilmente luta pelo lugar. Ora, o aparente excesso de enfermeiros no mercado de trabalho, talvez tenha alguma influência na sua performance. E com isto, não só ganham os utentes porque ficam mais bem servidos, e de uma forma geral, a qualidade dos serviços que são prestados, mesmo que as condições físicas do local não sejam abonatórias.
Isto poderia ser um bom exemplo para o resto do funcionalismo público, para aqueles em que os direitos são intocáveis e que são incompetentes nos seus postos, ver colegas, que talvez por estarem numa zona de desconforto, tornam a vida dos utentes mais agradável, ou seja, fornecem um serviço com mais qualidade.
O meu *Bloga-me isto! a (quase) todos os que na Pediatria B do hospital S. João cuidaram do meu filho.

quinta-feira, maio 31, 2007

Bis...Bis


Venho atrasado para a festa? Não, o campeonato festeja-se quando há tempo, e até ao lavar dos cestos é vindima.


Apesar de muito sofrido, mesmo no último jogo, o "caneco" ficou aqui.


Pode dizer-se muito, mas não se pode dizer que houve batota. Que se ganhou porque os árbitros não notavam nas inclinações dos campos, que o "Papa" sempre que abria a boca era para assustar, ou que foi sorte. Ganhamos porque no final tivemos mais pontos, porque fizemos uma primeira parte do campeonato imparável, dando os pontos suficientes para os outros, quando nos olhassem, era sempre para cima. Vitórias morais, como ouvi alguns dizer, é para quem fica em segundo.


Ficam os votos para o próximo ano de ganharmos o "tri", e se possível, com mais rapaziada das escolinhas, e menos samba e tango.


BICAMPEÕES F.C. PORTO!!!


*Bloga-me isto!

Tenho andado distante do meu cantinho, mas nem por isso está esquecido.
Antes de escrever aqui, hoje, a minha saudação!

*BLOGA-ME ISTO!

terça-feira, maio 15, 2007

1000


Hoje reparei que o meu blog foi visitado 1000 vezes.

Não é muito comparado com a maioria dos blogs. Nem é pouco comparado com a minha ambição aquando do início desta aventura na blogosfera.

É apenas um número simbólico. Redondo.

Mas que me deixa feliz porque o que verto para este sítio, é do próprio líquido que me constitui.

E se, como Séneca dizia "O prémio da boa obra é tê-la realizado", o meu prémio é poder partilha-lo com toda a gente que o visita.

Obrigado e *Bloguem-me isto!

"Sei os teus seios"

Sei os teus seios.
Sei-os de cor.

Para a frente, para cima,
Despontam, alegres, os teus seios.

Vitoriosos já,
Mas não ainda triunfais.

Quem comparou os seios que são teus
(Banal imagem) a colinas!

Com donaire avançam os teus seios,
Ó minha embarcação!

Porque não há
Padarias que em vez de pão nos dêem seios
Logo p'la manhã?

Quantas vezes
Interrogastes, ao espelho, os seios?

Tão tolos os teus seios! Toda a noite
Com inveja um do outro, toda a santa
Noite!

Quantos seios ficaram por amar?

Seios pasmados, seios lorpas, seios
Como barrigas de glutões!

Seios decrépitos e no entanto belos
Como o que já viveu e fez viver!

Seios inacessíveis e tão altos
Como um orgulho que há-de rebentar
Em deseperadas, quarentonas lágrimas...

Seios fortes como os da Liberdade
-Delacroix-guiando o Povo.

Seios que vão à escola p'ra de lá saírem
Direitinhos p'ra casa...

Seios que deram o bom leite da vida
A vorazes filhos alheios!

Diz-se rijo dum seio que, vencido,
Acaba por vencer...

O amor excessivo dum poeta:
"E hei-de mandar fazer um almanaque
da pele encadernado do teu seio"

Retirar-me para uns seios que me esperam
Há tantos anos, fielmente, na província!

Arrulho de pequenos seios
No peitoril de uma janela
Aberta sobre a vida.

Botas, botirrafas
Pisando tudo, até os seios
Em que o amor se exalta e robustece!

Seios adivinhados, entrevistos,
Jamais possuídos, sempre desejados!

"Oculta, pois, oculta esses objectos
Altares onde fazem sacrifícios
Quantos os vêem com olhos indiscretos"

Raimundo Lúlio, a mulher casada
Que cortejastes, que perseguistes
Até entrares, a cavalo, p'la igreja
Onde fora rezar,
Mudou-te a vida quando te mostrou
("É isto que amas?")
De repente a podridão do seio.

Raparigas dos limões a oferecerem
Fruta mais atrevida: inesperados seios...

Uma roda de velhos seios despeitados,
Rabujando,
A pretexto de chá...

Engolfo-me num seio até perder
Memória de quem sou...

Quantos seios devorou a guerra, quantos,
Depressa ou devagar, roubou à vida,
À alegria, ao amor e às gulosas
Bocas dos miúdos!

Pouso a cabeça no teu seio
E nenhum desejo me estremece a carne.

Vejo os teus seios, absortos
Sobre um pequeno ser.

Alexandre O'Neill

Sei-os ... e por isso *Bloga-me isto!