sexta-feira, novembro 14, 2008

O nosso habitat...


Qualquer animal faz por o seu habitat ser harmonioso. É uma questão de sobrevivência. O animal humano tenta realiza-lo juntando à sobrevivência o conforto. A inteligência dá-nos a faculdade de modificarmos o que nos rodeia e a disponibilizar o que não aparece naturalmente para cada vez sobrevivermos mais tempo e em melhores condições. Até agora não disse nada de novo. Um pouco de filosofia apenas para justificar o meu post. Para justificar a minha indignação por sermos um país pobre (e acrescento, sem perspectivas de modificar).


As razões para o sermos são muitas e conhecidas. Já se fizeram estudos, já se debateu na sociedade civil, em movimentos mais ou menos organizados, já se debateu na Assembleia da República, em cafés e reuniões de amigos. Todos já falamos disso. Todos sabemos disso. Todos nos queixamos disso. Mas fazemos alguma coisa para o mudar?


É uma pergunta retórica, bem sei. Mas gostaria de falar de uma das razões que, pessoalmente, acredito ser a mãe de todas as justificações. Ela é a corrupção, no seu sentido lato.


Ela é o cancro que mina o nosso desenvolvimento. Está tão disseminada em nós e na nossa cultura como está o bacalhau. Que outra razão seria se observamos que, por exemplo, autarcas corruptos ganhem eleições? Não digo apenas aqueles que têm julgamentos a decorrer ou já sentenciados mas igualmente aqueles que vemos que entram pobres nas câmaras e saem milionários. A incrível justificação é que “Roubam mas ao menos fazem alguma coisa pela terra”. Admirável.


Como admitimos que desde que entramos na União Europeia tenhamos recebido biliões de euros, muito mais que certos países da União Europeia que entraram muito depois de nós, eram mais pobres e hoje são mais ricos. É por sermos um país periférico? Patético.


E o famoso factor “C”? Não será também um sistema de valorizar o social em vez do mérito? Também a esse nível há corrupção.


Isto, obviamente, cria fossos entre aqueles que estão privilegiados em ter acesso ao dinheiro recebido e aqueles a quem não chegam a cheira-lo nem a ver a sua cor. A teia de interesses instalados torna a distribuição desigual e a sua aplicação ineficiente.


E por tal, nunca seremos um país rico. Posso estar a ser muito definitivo mas tenho quase 900 anos de histórico para o comprovar. Mesmo nos saudosos séculos dos descobrimentos, em que bilhões de euros entraram em Portugal, havia na mesma fome e pobreza (indiquei euros de propósito para criar a metáfora). Nunca a riqueza criada foi aplicada para desenvolver o país mas sim o dispêndio, o acessório, o luxo. Antes como agora. Os juros baixos dos últimos anos apenas serviram para endividar e não para investir. Isto está nos nossos genes. É inevitável.


Há um provérbio chinês que diz: “Se os teus projectos forem para um ano, semeia o grão. Se forem para dez anos, planta uma árvore. Se forem para cem anos, educa o povo.” O nosso drama é: quem educa quem?


Querem viver num país rico? Mudem de país! *Bloga-me isto!

1 comentário:

Marisela Agra disse...

eheheh ninguém educa ninguém... sobevive-se.

Mas como diz uma grande génio "Para que o mal vença basta que as pessoas boas não façam nada."

E vamos mais por aqui...

um beijo grande, muito grande.