terça-feira, dezembro 21, 2010

Mundo sem herois


Estranhos tempos vivemos hoje. Tempos recheados de paradoxos que, como qualquer coisa que seja contraditória, causa confusão. Todos observamos a crescente utilização de redes sociais como forma de ligar pessoas mas nunca antes observamos tantos casos de solidão, arrastados de uma forma ou outra. Não obstante destas contradições, poderíamos dizer que a vida de hoje está mais facilitada em relação a outros tempos. Até poderíamos dizer que hoje em dia, somos tentados a pensar que há muita pouca coisa porque lutar. Na verdade, no actual mundo ocidental têm-se a sensação de que o importante está conquistado. Democracias maduras, estados sociais, direitos humanos consolidados, ausência de guerras. Os problemas da economia existentes, e que afectam sobremaneira algumas faixas da população, são encarados como conjunturais, vestígios de alguma má gestão, que em breve será resolvida por quem as criou ou por alguém que irá substitui-los. Enfim, alguém irá faze-los desaparecer. Resumindo, a pessoa ocidental, ou como quem diz moderna, é um ser passivo, maravilhado com a era da tecnologia e informação, consumista e prisioneiro na cela de sua casa. Domina o (seu) mundo pelo ecrã da televisão ou do computador mas, dificilmente, se encontra confrontado com adversidades mobilizadoras. É um mundo sem heróis.


Provavelmente, nesta altura já vos consegui pôr a dormir mas não devia. É que esta é uma possível explicação porque normalmente sentimos pouca motivação para agarrar alguma causa. Ela até nos poderá ser atractiva, apelar à nossa lógica, mas cedo nos deparamos com a nossa pouca iniciativa, dizendo como naquela música dos Deolinda “…vão indo que eu vou já lá ter”.


E para onde foi a nossa coragem e a nossa bravura? Será que esses atributos só vêm nos nossos livros de história, praticados em guerras por alguém do antigamente? E onde está a nossa vontade por justiça, equidade e verdade? Não será isto mesmo que torna os actos banais em heróicos?


“Uma pessoa só atinge totalmente a maturidade no momento em que escolhe causas que valem mais que a sua própria vida” disse Mounier. Temos a opção de escolher uma causa que é maior que nós próprios. Com a MARCA queremos atingir essa causa que, só pelo facto de podermos aspirar a concretiza-la, nos devíamos orgulhar de lhe pertencer. Não é uma causa para desistir, porque não é uma opção. O futuro do nosso país depende duma mudança de paradigma, de mentalidade, de cultura. Sem ela, nunca deixaremos de ser dos “ingovernáveis” povos de sul, pobres de espírito, em que o progresso não pára na nossa estação, apenas passa à velocidade suficiente de saltarmos para a última carruagem. Esse é o país que não queremos mas se não fizermos nada, é esse o que teremos. Homens como Sá Carneiro tinham a causas porque lutar. E nós, não teremos?


A vocês deixo-vos, portanto, a pergunta: Que legado querem deixar?


Acredito que a vossa causa não passe por um movimento como a MARCA. Mas não deixem de ter uma, porque todos precisamos de ter. No entanto aqui, se se juntarem a nós, lutaremos para que isso aconteça. Podemos ser um país sem heróis, ao revés de outrora, mas podemos mostrar ao país que ainda existem pessoas que acreditam que o nosso país pode ser próspero pelo engenho e arte dos portugueses, e fazer orgulhosos os nossos avós que, com sangue, suor e lágrimas deixaram a nação em que hoje vivemos.


*Bloga-me isto!

4 comentários:

Nathan Rodrigues disse...

Quanta verdade em um post...

Anónimo disse...

Tópico interessante neste sítio, textos assim dão motivação a quem ler neste blogue !!!
Entrega mais de este espaço, a todos os teus visitantes.

Francisco Souto e Castro disse...

Muito obrigado pelas vossas simpaticas palavras. Continuem a visitar e a brindar-me com a vossa excelsa presença.

Anónimo disse...

Hey - I am definitely delighted to find this. great job!