segunda-feira, janeiro 29, 2007

Positivamente Não!

Foto: Feto com 10 semanas


Muitas vezes, na nossa vida, somos chamados a tecer as nossas opiniões sobre as questões da sociedade, a sermos interventivos na evolução das suas próprias directrizes, que moldam o nosso modus vivendi, mas poucas vezes somos chamados a intervir para defender o mais básico, elementar e sagrado que uma nação tem: o ser humano.
É para isso que servem as leis, é para isso que se escreveram os direitos do Homem, é para isso que nos revoltamos pelas atrocidades que, diariamente, assistimos de uns (os mais fortes) exercem sobre outros (os mais fracos), e impunemente ficam.

No dia 11, seremos chamados a defender essa vida. Nesse dia, sim, teremos a opção de transformar a nossa sociedade numa que defende os mais fracos, aqueles que estão completamente desprotegidos, numa outra, pela via da desresponsabilização, seja permitido que seres humanos possam decidir se outro vive ou não.

Não haja dúvida disto. Com 10 semanas, um feto já é vida. E nada melhor que a mãe para saber disso. Com 18 dias, o coração já bate. Com 6 semanas já tem actividade cerebral. Com 10 semanas, já tem braços, pernas, olhos, orelhas, nariz… Não se vê. Está escondido. Protegido. Provavelmente, se fossemos marsupiais, custaríamos mais de esmagar a “larvazinha” que se desenvolvia na bolsa da mãe. Mas, paradoxalmente, a Natureza seleccionou-nos e fez com que evoluíssemos dentro do útero da mãe, onde os “predadores” mais dificilmente chegam. Chegavam!!!

Para quem é defensor do “Não” no referendo, esta é a questão fundamental. A defesa da vida humana. Não é por capricho, não é desprezo pela mãe que aborta, nem é por religião alguma… É porque existe vida e nós a eliminamos por este meio.

Invariavelmente, a defesa do “Sim” acaba por referir a penalização da mãe por fazê-lo. Se uma mãe rouba para alimentar o filho, estará a fazê-lo contra a lei. Se é condenada por isso, dependerá do juiz que a julgar, mas não conheço nenhum parágrafo no código civil que despenalize a mãe por roubar se estiver a alimentar o filho faminto. E, de certeza, que a razão daquela que rouba não deixa de ser mais nobre do que aquela que aborta.

Curiosa é a posição do pai nisto tudo. Grande parte das vezes a mulher aborta por imposição do pai, que não quer o filho. Em vez da utilização de contraceptivos, obviamente vai haver mais possibilidade de obrigar a mãe a abortar, porque é permitido, com claras e conhecidas consequências negativas para ela. Mas o contrário também é contraditório. Se o pai quer a criança, e a mãe não, este não tem nenhuma palavra a dizer. Mas terá se ela nascer, exigido por lei, que lhe dê nome e pensão de alimentos, entre outros.

Ridículo é a utilização do argumento que as mulheres são donas da sua barriga. É verdade! Mas não são donas da vida da criança que estão a gerar. O livre arbítrio, a liberdade acaba no momento em que a própria liberdade dos outros é afectada. O contrário é libertinagem.

Por isso, o meu “Não”. Tenho comiseração por aquelas mulheres que são obrigadas a abortar por uma sociedade que a discrimina, por um companheiro que a maltrata, por um patrão que a despede, mas não posso aceitar que a promulgação de um acto criminoso seja a sua solução. Porque não o é. É como tapar o sol com uma peneira. A lei protege mais, neste momento, essas mulheres exactamente por ser proibido e ser uma forte razão, e um argumento, para não o fazer. Não irá acabar com os abortos clandestinos porque a razão de existirem não é combatida. Irá enriquecer algumas pessoas dentro da classe médica, que faltarão ao próprio juramento de Hipócrates, que normalmente são o refugo, os que menos valem, porque não têm escrúpulos. E cria-se uma nova forma de contracepção, a par dos preservativos e pílulas: o aborto.

Quem realmente poderiam ter essa opção de viver, ou não, seriam os bebés. Mas esses não votam. A esses nem sequer se quer dar algo que deveria ser o mais elementar direito de qualquer pessoa, por mais dura seja essa realidade: o direito à vida!
Não Bloguem-me isso!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Ler com cadência...


Existência.
Consciência por um rasgo de inteligência.
Não é ausência, mas a essência da nossa vigência.
Uma ciência, sem paciência, pela exigência da nossa independência da sua eminência.
A vivência, sem maledicência mas por vezes duma maleficência que ultrapassa a sua magnificência. E para a sua eficiência, sem pendência, nem vidência, a evidência da sobrevivência, apesar da deficiência pela dependência da sua sapiência.
Na arrogância, a prepotência para a violência.
Na ignorância, a iminência da insipiência, a inocência em potência.
Mas na desinência, a penitência da resistência da persistência sem desistência, que a sua reminiscência tem pertinência, e a paciência pela impertinência da refulgência da Existência (reticência) Bloga-me isto!

terça-feira, janeiro 16, 2007

Os que partem e os que ficam



Qualquer separação é difícil. Para ambas as partes. Pressupõe uma divisão. E dividir é sempre inferior que multiplicar ou somar. Mas é inevitável. Todos os dias separamo-nos nas mais pequenas coisas e nem sequer damos conta. É a cama que fica, tão quentinha neste tempo; dos nossos chinelos, que dão bem mais conforto que estes sapatos; do livro que fica na mesinha de cabeceira, que está mesmo na melhor parte; da nossa família, que tem outros afazeres; e de uma miríade de outras coisas que nos sabem bem, mas o dever nos chama.

Assim é igualmente nas partidas. Os que embarcam e os que ficam aterrados. Não de terror mas de pena por não irem também. E a pena que escreve, de longe, tremeluzente na chama da saudade também sofre. É sempre difícil separar. Para qualquer. E a discussão estéril de quem sofre mais, perde-se na mesma solução do ovo e da galinha. Sofre-se. E sente-se, paradoxalmente, que a distância só encurta se essa dor se mantiver.

Quem fica, tem a companhia dos outros, solidários no vazio e nas palavras de apoio, mas o dia-a-dia, que pesadamente se arrasta na rotina, é ácido que corrói devagarinho.
Quem vai, tem o horizonte longo e largo, da novidade satisfeita, do desafio estimulante. Mas cedo a soledade saudosa aperta e as paredes do quarto sufocante são celas a quem se confessa tudo.

Mas, tempos virão em que tudo se mitiga, nem que seja pelo regresso certo, e do abraço caloroso ao filho pródigo, a quem tudo se perdoa.

Para ti, brother, que foste e nós que ficamos, o nosso Bloga-me isto!

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Secret smile

There is no vacancy
In my heart's space.
It's your supremacy,
Tided up with a lace.
Searching in my deepness,
you find common places.
Opened with shameless,
Blended with senses.
For what reason you seek,
to your lodging in here.
The glass is not so thick
and the motive is so mere.
You earned it fully.
You spent it everyday.
You speak to me silently,
when is nothing else to say.
Our love is no secret.
Seal it with a kiss.
In here, I announce it.
Please, Blog me this!

sexta-feira, janeiro 05, 2007


Só...
No canto da minha alma, onde aranhas teçam propriedades, de luz rarefeita, encontro o espaço que falta da plenitude da vida. Tudo aquilo onde a vida vivida, sofrida ou amada, não alcança, porque é demasiado grande para lá caber. Todos o temos, mas poucos o usam. Não que seja inabitado (pelo menos, as aranhas sempre estão lá), mas o tocar-lhe é difícil. Há sempre qualquer coisa que impede a passagem. "Não fiques só" parece dizer. "Mas eu quero" eu necessito.
A soledade não é algo que se atinge com um golpe de asa, com um rasgo de energia, ou com uma oportunidade criada. É uma cama que se faz, é um tesouro que se guarda e se admira amiúde, é um segredo dito a um poço sem fundo, é um eco que tarda a regressar.

O estado desta nossa individualidade tem custos. Tem a necessidade de um sobranceiro afastamento da realidade que nos rodeia, de uma circunstância de quase hibernação ou de retiro qual eremita ou anacoreta. E isso, afasta-nos dos mais chegados.

Utiliza-lo, a esse cantinho, tem custos, mas o quociente da operação tem um surplus garantido. Ganhamos um pouco mais de espaço que perdemos noutros lugares. E isso, no fim, garante um balanço, um equilíbrio o qual todos procuramos e desejamos atingir. Bloga-me isto!

quinta-feira, janeiro 04, 2007

MMVII


Chegou o novo ano.

Chegaram novos limites e novas aspirações, ambos velhos, mas reforçadas de desejo de concretização.

A mudança de ano lança-me sempre numa senda de me tornar melhor, de mudar vis hábitos, de transformar certas atitudes, de alcançar novas metas. Ano após ano, quero acreditar que assim acontece, se não todos os votos, pelo menos parte deles, que me tornarão uma melhor pessoa. Não quero ser lírico, até porque mudar coisas em nós é mais difícil que mudar um político dum tacho, visto que o factor de mudança não deixa de ser o próprio alvo (isto se o factor não tiver alguma alavanca). Contudo, o desejo está lá e não o devemos esmorecer.

Este ano será para os chineses o do porco. Segundo os nossos orientais amigos, o "porco" é de personalidade divertida e iluminada abençoada pela paciência e compreensão, além de ser muito altruísta. Ora, nada melhor que desejar-me e a todos que sejamos todos uns "porcos" este ano.

Já agora, desejar que alguns porcos, que por ai andam, sejam mais limpos.

Para ti, 2007, que agora nasceste, o meu Bloga-me isto!