quinta-feira, abril 30, 2009

Pergunta e resposta!


P: Em tempos de crise, gastar cerca de 1 milhão de euros em carros novos para a Assembleia da República?
R: É a teoria Keynesiana, estúpido.
Ah, pois! *Bloga-me isto!

terça-feira, abril 07, 2009

Democracia...

Democracia. Do grego Demokratia que significa “poder do povo”. Com boa razão deriva a palavra do grego, já que foi na Grécia antiga que este sistema de governação foi desenhado. Trivialidades. Tinha de começar por algum sítio e comecei pelo princípio, passo o pleonasmo. Em verdade, a Grécia antiga deu-nos o Sócrates e a nossa democracia deu-nos outro Sócrates, com algumas (grandes) diferenças, pois de registos não irão faltar sobre o mais novo e acho que a cicuta não estará nas bebidas que experimentará. Mas não irei falar desta personagem, mas sim do sistema que o debitou. A democracia.

Sendo a democracia o “poder do povo”, em boa verdade estamos todos responsabilizados pela sua qualidade, seja ela boa ou má, segundo a nossa opinião. Porque mesmo que ela seja má, ninguém poderá dizer porque não é culpa sua, salvo que a democracia não seja o seu sistema de governação preferido. Mas aí, também, atura a democracia reinante porque quer, não faltando outros países que tenham outros sistemas que se aproximem mais dos seus desejos. Se há coisa que a globalização trouxe foi oferta de tudo o que existe. Resumindo esta ideia, a democracia deverá ser um somatório de vontades, de pessoas livres, que escolhem e acatam a vontade da maioria. Outra trivialidade.

Sendo assim, porque é que, de uma maneira geral, os gestores deste sistema, os políticos, estão tão descredibilizados e, por inerência, ajudam a que se sinta um ambiente de insatisfação perante a democracia? Não sou eu que o digo. Uma constatação evidente é a clara abstenção das eleições. Ninguém sério poderá dizer que, quando repetitivamente, a abstenção está acima dos 30% nas legislativas (35,74% em 2005, mais de um terço da população) que é normal. Um terço do nosso país não sabe o que quer? Não tem opinião? Eu interpreto mais pelo lado pragmático do drama: não vão votar porque não sentem vontade nem incentivo ao exercício do acto. São os comodistas, poderão dizer, mas são a face visível do problema da descredibilização na actividade política. Quando existe motivação, esta percentagem de comodistas é residual. É a percentagem daqueles que realmente não sabem nem tem opinião. Mas creio que as pessoas sabem o que querem, e quando a paixão ardente lhes trespassa o coração, a verdadeira motivação, são como chamas em floresta seca. Alastra e arrasta multidões. Temos, por certo, ilustrações disso. Quem não se lembra do entusiasmo do país à volta da selecção na final do europeu em 2004. Dificilmente alguém sentia-se indiferente ao ambiente, mesmo que não goste de futebol. Isto é assim quando há uma visão, uma missão e um objectivo em que estejam todos alinhados. É imparável.

É sobre a resposta à pergunta formulada que me proponho aqui escrever.

O observador comum, em que me incluo, é quase diariamente confrontado com situações que em nada dignificam a democracia. A suspeição de corrupção sobre os decisores, o enriquecimento ilícito de políticos, a impunidade de quem é poderoso, entra-nos pelos olhos dentro a uma velocidade quase impossível de assimilar. Não falo da questão que um jornal diário tem hoje em dia mais informação que um cidadão do século XVIII teria numa só vida. Refiro-me a que são tantas que é impossível aceitar todas. São tantos os casos que, para mantermos alguma sanidade e confiança no sistema, ignoramos algumas. São tantas que torna-se normal e corriqueiro. E, lentamente, como gota a gota em pedra dura, vamos desmoralizando, definhando, quebrando. Baixamos os braços porque conhecemos a história de D. Quixote e sabemos que estamos a combater moinhos de vento, por conta duma Dulcineia que nos zomba. Cavaleiros da triste figura.

Estarei a ser exagerado? Estarei, por ventura, a dar preponderância ao negativo em detrimento do louvável? Lembro-me quando Cavaco Silva era primeiro-ministro, o que de mais grave se lhe apontou (em termos ilícitos) era uma suposta remodelação da casa de banho. Não vou fazer mais comparações. Mas há, nitidamente, hoje em dia um degradar de respeito e de confiança da figura do estado e das suas instituições que o constituem.

O que acabo por observar é que esta conspurcação acaba por ser como um mau cheiro a que nos habituamos. Não é difícil encontrar gente boa que vota em políticos corruptos porque “rouba mas, ao menos, faz alguma coisa”. A capitulação dos nossos próprios valores perante “o mal menor”. É uma classe média que se verga interiormente e isso resulta no patamar desclassificado que valorizamos os nossos políticos, e depois a democracia por tabela. Jamais será possível ver uma democracia saudável com uma classe média despojada, quer de valores materiais, quer de valores morais. E, na minha opinião, é isso que se passa na nossa classe média. Desencantamento. Desapontamento. Enfadamento. Atraiçoamento.

Como foi, sabiamente, aqui comentado por uma ilustre visitante “Para que o mal vença, basta que as pessoas boas não façam nada”. Nada mais. É tempo de fazermos alguma coisa. É tempo de sair do nosso confortável sofá e fazermos algo mais que “zapiar” os canais quando aparecem os políticos a falar. É tempo de estendermos as nossas conversas de café para auditórios mais vastos. É tempo de sermos mais interventivos e não deixarmos que usurpadores levem a nossa lisura e orgulho. O que ficará após nos levarem essa centelha de amor-próprio que nos faz ir votar? Não temos que nivelar por baixo quem nos representa, rebaixando-nos.
Este desidrato meu é, nada mais, nada menos, o que me vai na alma. O meu mea culpa da situação existente. Cada vez que hesitei em me tornar mais interventivo, ajudei a que outros, sem escrúpulos, tivessem a oportunidade de rapinar.

Por isso, daqui clamo, ó gente da minha terra, ó gente boa e trabalhadora, de todas as classes sociais, façamos mais pela nossa democracia. Unamos esforços, dentro do nosso círculo de influência, por tornarmos células de grandeza e de exemplo.

Deixo-vos duas pérolas de Churchill:
"A democracia é a pior forma de governo, exceptuando todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos"
“Vivemos com o que recebemos, mas marcamos a vida com o que damos."

Palavras para quê! *Bloga-me isto!

quarta-feira, março 18, 2009

The Road Not Taken


Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.




Robert Frost (Mountain Interval, 1920)


*Bloga-me isto!

Viagem ao nosso centro...


Aprendi muito sobre a vida nos últimos tempos. Tempos difíceis, logo, tempos frutuosos. De facto, o aumento das nossas capacidades está directamente relacionado com a saída da nossa “zona de conforto”. Essa zona não nos ajuda nada em termos de progressão na globalidade das nossas dimensões, quer sejam físicas, mentais, emocionais e espirituais. É nos momentos que atingimos os nossos limites, qualquer que seja a situação, que esses limites são expandidos. É como na entrada em territórios estranhos. Só deixam de ser estranhos quando são explorados.


Devíamos sempre explorar os nossos limites. Guiados sempre pela consciência, que bem usada, indica-nos sempre o caminho certo. Mas nunca conformando-nos com o que já atingimos. Normalmente significa caminhos estreitos e perigosos, diferentes de largas avenidas cheias de luz, mas o fim é sempre mais grandioso e luminoso. A definição de sacrifício não é mais do que abdicar de algo bom por algo ainda melhor. E quando assim é, só podemos encetar nesse caminho, que nos levará à felicidade.


Faz todo o sentido falar disso hoje em dia. A nossa sociedade vive de valores imediatistas, do arranjo fácil. Nada pode ser feito se não obtiver resultados para ontem. O consumo ávido e impaciente atropela os princípios básicos de que se rege o universo. Ninguém pode atirar-se de um prédio e a meio resolver que já não quer cair. A gravidade está a rege-lo. Do mesmo modo, nada de positivo pode ser criado da noite para o dia, como Roma e Pavia.


Plutarco disse:” Encontrar defeito é fácil, mas fazer melhor pode ser difícil”. Façamos o mais difícil para depois ser mais fácil. *Bloga-me isto!

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Feeport (do inglês "as comissões portuguesas")


É triste mas o nosso país está, uma mais vez, embrulhado no manto da suspeição de corrupção, afectando agora o mediático PM. Adjectivo a dita personagem visto este se queixar dos media na série, quase frenética, de factos diários que vêm à luz do que está na escuridão das investigações. Frases tipo “o feitiço virou-se para o feiticeiro” ou “provar do próprio veneno” ou ainda “Quem com ferros mata, com ferros morre” afloram-se-me ao espírito, para quem viveu, até hoje, da poderosa ferramenta que é o quarto poder. Se há manobras nos bastidores, partidárias ou não, sinceramente não me interessa. Há, de facto, algo de estranho ali. Ninguém pode, para já, afirmar que o ministro há data, terá recebido um fee (para ser suave), mas quanto a um “tráfico de influências”, já é diferente.



Li a opinião de um primo meu no JN, o Manuel Serrão, que lamentava este episódio, já que parecia que ninguém em cargos que se adjudicam compras, tanto no sector público como no privado, teriam de ser órfãos de família. Entendo a argumentação mas acho que, por isso mesmo, tem de se ser muito transparente para que não subsistam dúvidas nenhumas. Resumia que “À mulher de César não basta ser honesta. Tem de parecer honesta”. Muito mais em gestores da res publica. E com pareceres aprovados a correr e de forma pouco clara, poucos dias antes de eleições, não se parece nada honesto! Parafraseando o homónimo, o PM sugere dizer:”Só sei que nada sei”… Mas todos sabemos que Sócrates sabia do que sabia.



Apesar de não gostar nada do visado, lamento que tudo isto se passe. É que isto é mais uma estação na via sacra para o calvário, sendo nós os “crucificados”. E neste “sacrifício” não temos por companhia os “ladrões”. *Bloga-me isto!

terça-feira, janeiro 20, 2009

MMIX


Ainda não tinha escrito nada este ano. E haveria tanto por escrever…


Gostaria de desejar a todos o melhor ano de 2009 possível. A incerteza que paira no nosso horizonte é grande, ainda agravada pela cambada de imbecis que nos governam. O que hoje é dito, amanhã pode ser desmentido. E a culpa, como será durante todo o ano, é a crise. Costas largas terá a conjuntura.


Será um ano, a nível pessoal, de muitos desafios. Vou tentar que aqui seja um espaço onde possa ir balanceando o meu barco, porque a falar é que a gente se entende e a escrever é que a gente se sente.


Lanço aqui a minha “mensagem na garrafa” no mar imenso cibernauta:


Disse Jacques Philippe: “Não é por termos liberdade que podemos mudar tudo à nossa volta, mas dispomos da faculdade de dar sentido a tudo (o que é muito melhor), mesmo àquilo que não o tem! Nem sempre somos senhores do desenvolvimento da nossa vida, mas somos sempre senhores do sentido que lhe conferimos.” Sejamos capazes de entranhar bem este conceito.


Bem hajam, *Bloga-me isto!

sexta-feira, novembro 21, 2008

Turn my head

Anyone, caught in your mystery
keep it angry
keep it whispy
I've fallen down
drunk on your juices

I turn my head
turn my head
it's aimed at you

Funky temple your dress is torn to shreds
your eyes are crazy
I bowed to save my head and
I can't forget you
but I can remember

I turn my head
turn my head
it's aimed at you

Oh no, we came to love you all day
these bastards are leavin'
somebody's got to stay
whatever we called you
it's just a name
just a name

by Live

sexta-feira, novembro 14, 2008

O nosso habitat...


Qualquer animal faz por o seu habitat ser harmonioso. É uma questão de sobrevivência. O animal humano tenta realiza-lo juntando à sobrevivência o conforto. A inteligência dá-nos a faculdade de modificarmos o que nos rodeia e a disponibilizar o que não aparece naturalmente para cada vez sobrevivermos mais tempo e em melhores condições. Até agora não disse nada de novo. Um pouco de filosofia apenas para justificar o meu post. Para justificar a minha indignação por sermos um país pobre (e acrescento, sem perspectivas de modificar).


As razões para o sermos são muitas e conhecidas. Já se fizeram estudos, já se debateu na sociedade civil, em movimentos mais ou menos organizados, já se debateu na Assembleia da República, em cafés e reuniões de amigos. Todos já falamos disso. Todos sabemos disso. Todos nos queixamos disso. Mas fazemos alguma coisa para o mudar?


É uma pergunta retórica, bem sei. Mas gostaria de falar de uma das razões que, pessoalmente, acredito ser a mãe de todas as justificações. Ela é a corrupção, no seu sentido lato.


Ela é o cancro que mina o nosso desenvolvimento. Está tão disseminada em nós e na nossa cultura como está o bacalhau. Que outra razão seria se observamos que, por exemplo, autarcas corruptos ganhem eleições? Não digo apenas aqueles que têm julgamentos a decorrer ou já sentenciados mas igualmente aqueles que vemos que entram pobres nas câmaras e saem milionários. A incrível justificação é que “Roubam mas ao menos fazem alguma coisa pela terra”. Admirável.


Como admitimos que desde que entramos na União Europeia tenhamos recebido biliões de euros, muito mais que certos países da União Europeia que entraram muito depois de nós, eram mais pobres e hoje são mais ricos. É por sermos um país periférico? Patético.


E o famoso factor “C”? Não será também um sistema de valorizar o social em vez do mérito? Também a esse nível há corrupção.


Isto, obviamente, cria fossos entre aqueles que estão privilegiados em ter acesso ao dinheiro recebido e aqueles a quem não chegam a cheira-lo nem a ver a sua cor. A teia de interesses instalados torna a distribuição desigual e a sua aplicação ineficiente.


E por tal, nunca seremos um país rico. Posso estar a ser muito definitivo mas tenho quase 900 anos de histórico para o comprovar. Mesmo nos saudosos séculos dos descobrimentos, em que bilhões de euros entraram em Portugal, havia na mesma fome e pobreza (indiquei euros de propósito para criar a metáfora). Nunca a riqueza criada foi aplicada para desenvolver o país mas sim o dispêndio, o acessório, o luxo. Antes como agora. Os juros baixos dos últimos anos apenas serviram para endividar e não para investir. Isto está nos nossos genes. É inevitável.


Há um provérbio chinês que diz: “Se os teus projectos forem para um ano, semeia o grão. Se forem para dez anos, planta uma árvore. Se forem para cem anos, educa o povo.” O nosso drama é: quem educa quem?


Querem viver num país rico? Mudem de país! *Bloga-me isto!

sexta-feira, outubro 03, 2008

O subterrâneo de Lino

A Hidra de Lino

Estive a tentar dominar-me para não voltar a escrever sobre “ele” mas não resisti! É mais forte do que eu, até porque “ele” parece também não resistir em prejudicar o Porto.


A última tem a haver com o metro.


A pompa e circunstância da assinatura da calendarização das novas fases de alargamento do metro do Porto que, no ano passado, foi assinado com o PM, foi na semana passada “fumada” pelo seu ministro das obras públicas lisbonenses e arredores.


Ora, imagine-se, que em plena crise financeira mundial, há uns autarcas no norte, levados por aspirações das suas gentes, que pensam em gastar dinheiro dos contribuintes em projectos tão dispendiosos como o metro. E quem é que deveria corrigir este despropositado? Nada mais do que o famoso Lino. Admiro este homem. Depois de tanta javardice, o elefante mostra como se consegue equilibrar no nenúfar. É admirável ou talvez não. Depende de que lado do país se está.


O que me apraz dizer sobre isto? Bem, é nitidamente atentatório o que este ser vivo rastejante anda a fazer ao resto do país, nomeadamente ao Porto. É difícil explicar e justificar perante as populações que vivem nesta zona que, dinheiro para fazer aeroportos em desertos, pontes rodo-ferro-fluvió-aero-viárias, TGV’s, compensações de 2 mil milhões de euros só porque disse “Jamais”, chega para isto tudo e que o resto “vê-se daqui a 20 anos”, palavras estas proferidas pela marioneta colocada na administração da empresa que, a propósito, foi moeda de troca para que os projectos do alargamento fossem calendarizados e acordados com o PM!!!! A fúria ainda se torna maior quando assistimos à congénere empresa de Lisboa que, acreditando no que está escrito no site, tenha obras em execução e projectos para alargamentos que nem sejam discutidos. Temos um ditado que diz: “Quem não sente, não é filho de boa gente”. Ora aqui somos todos boa gente, logo o silogismo impele-nos a que nos sintamos ultrajados.


Quando é que nos dão a regionalização para acabarmos com este centralismo desmesurado? Quando vamos unir as nossas vozes num coro ensurdecedor para que, de uma vez por todas, parem estes ataques constantes ao nosso progresso?


Em relação a esse pateta que temos como ministro, continua a sibilar pelos corredores do poder central, sem que nada aparentemente o atinja. Continua no seu abjecto ímpeto de prejudicar interesses nacionais que não estejam num raio de 50 km do ralo do esgoto que ele colocou no MOP. Talvez a razão para que ele goste mais do metro de Lisboa em relação ao do Porto, é que o primeiro é subterrâneo e o outro é à superfície. Deve-se sentir mais em casa. Ele faz-me lembrar a Hidra de Lerna, com seu hálito venenoso, porque sempre que alguém lhe parece cortar a cabeça, eis que renasce outras duas em seu lugar. Não temos um Hércules para o expulsar mas espero que umas eleições o ponham debaixo da pedra de onde ele rastejou.


Para as profundezas, o meu *Bloga-me isto!

quinta-feira, setembro 25, 2008

Leitura...

Sua existência define-se por linhas, versejando por todo o espaço. Umas mais longas, outras mais curtas, rasgadas até ao infinito. A exuberância do belo que transmite, sensorialmente, a química inerente. Percorro-as, ávido de leitura, sedento de conhecimento, num consumo insaciável, qual suplicio de Tântalo. Os cantos e recantos que são cantados, exalam seu perfume irresistível, quais cantos de sereias, abraçados pelas teias do desejo. Arranca dentro de mim a paixão, a volúpia, o êxtase dos sentidos. Tanto se escreve, tanto se lê, mas nunca se consegue atingir. Como, se a imaginação é maior que nós? Como, se esta é mais importante que o conhecimento? Como, se a nossa inépcia instintiva tolda-nos a pena pela regurgitação da maça da árvore proibida? Oh vil serpente da tentação, pelas tuas acções estamos confinados ao óbvio, ao superficial, ao inteligível. Os seus segredos estarão sempre por desvendar, qual tesouro guardado por Cérbero, cujos labores incansáveis nos obriga a realizar. Percorro mas alguma vez cansarei? *Bloga-me isto!

terça-feira, setembro 23, 2008

Portugal Tropical


Tenho lido alguns especialistas, nomeadamente no relatório Stern, que Portugal arrisca ser um deserto devido às alterações do clima com o aquecimento global. Não o deserto previsto pelo ministro Lino, mas uma extensão do Sahara no sul da Europa.

Pois bem. Eu tenho uma teoria diferente. Constatando os últimos Verões chuvosos que temos tido, ao inverso dos Invernos secos, acho o que está a acontecer é ficarmos com um clima tropical, em que no Verão temos a monções. Ontem contei 40 minutos de chuva intensa que me fez lembrar as chuvas que apanhei na Índia há duas semanas.

Um Portugal tropical é pois a minha teoria. Agora é que vamos mesmo ser uma república das bananas! E outras frutas…

Viva as monções...*Bloga-me isto!

quinta-feira, setembro 18, 2008

Gulp Renováveis


Para mortais que obrigatoriamente têm de usar diariamente o carro, como eu, não podem ficar indiferentes à escalada de subida de preços da gasolina (ou gasóleo). Sempre que vamos abastecer o bólide, lá fazemos figas para que a Comissão de Autorização a Roubos para Tolos, Estúpidos e Lorpas (CARTEL) não tenha subido ligeiramente os lucros, perdão, os preços dos combustíveis. Ligeiramente porque é ligeiramente que vão subindo os preços. Ora sobe, ora recua, do género dois passos à frente e um atrás.

É claro que entendo, e compreendo, as justificações dadas pelo CARTEL sobre as razões da subida dos preços, ou não fosse um tolo e um lorpa. Nem sou a favor da taxa "Robin dos Bosques". Isso de roubar às pobres petrolíferas para dar aos ricos párias que temos na nossa sociedade, não está certo. Enfim, suponho que esta taxa é mais uma das muitas que o preço final do combustível já tem. Aliás, acho que os combustíveis não só poluem com CO2 mas também com todas as taxas e impostos que têm diluídos na sua composição, o que é verdadeiramente nefasto para o nosso meio ambiente.

Lembro-me de uma telenovela brasileira, que não me lembro do nome, em que havia um personagem que tinha inventado a urinolina. Isso é que era bom. Assim, em vez de eles cagarem para nós, mijávamos nós neles… Literalmente!

Ó CARTEL, *Bloga-me isto!

sexta-feira, maio 16, 2008

Imagem da viagem para Caracas

O nosso PM foi apanhado a fumar no voo para Caracas. Já não é novidade.
A justificação foi que não conhecia a lei, que foi aprovada pelo seu governo. Também não é novidade. Faz lembrar uns projectos em que supostamente assinou mas não foi ele que os fez.

É razão para dizer: “Ó Zé, dá-me uma passa!” Passou-se.



*Bloga-me isto!

quarta-feira, maio 07, 2008

"Pensatempos"


Gosto de ler frases feitas. Mais famosas, menos famosas. Não interessa. O que me agrada é ler reflexões, pensamentos, inspirações, conselhos, pedaços de rasgos iluminados que colocam em palavras realidades que muitas vezes sentimos mas não as sabemos exprimir, concretizando as abstracções. Fica bem uma frase destas num fim de um texto, tal cereja no topo do bolo. Faço-o aqui várias vezes. Mas faço sempre a respectiva vénia a quem a proferiu pela primeira vez, referindo o seu autor.

Há dias tive o “desprazer” de passar os olhos por um livro editado por uma personalidade muito conhecida da nossa praça. O dito VIP chamou a esse livro o nome pomposo de “Pensamentos”, dele subentende-se. Tratam-se de frases alegadamente proferidas ou registadas desta persona, que inspiraram sua vida pessoal e profissional. Tudo muito bem. Pode se achar vindo de uma pessoa de ego inchado e pouco modesto, mas trata-se realmente de alguém que venceu na vida. Agora o pior é apropriar-se de frases, a maior parte delas desconhecidas do grande público, como suas. Algumas foram ardilosamente modificadas, como por exemplo “O meu gasto mais dispendioso é o tempo”, mas a maior parte estão “escarrapachadas” como realmente vieram ao mundo.

Suspeito que a pessoa nem sonha que essas frases já foram ditas e que nem imagina que o indivíduo que contratou para fazer o dito livro nem sequer foi muito estudioso para buscar as “frases soltas”. Bastou ler um panfleto do banco BES.

Diz-se que uma mentira dita muitas vezes torna-se verdade. Será que uma verdade dita muitas vezes perde o seu dono? Espero que não porque as ideias têm pais, não nascem órfãs. “A César o que é de César” (Jesus Cristo).

A esse VIP (Very Imported Person) o meu *Bloga-me isto!

sexta-feira, março 14, 2008

Vã razão de ... voltar!


O bom filho à casa volta.

Já sentia saudades de escrever.

O mundo leva-nos na sua torrente imparável, qual tsunami, e por vezes nem sentimos que vamos arrastados. Tem de haver tempo para nos escutar sob pena de nos perdermos. Perdermo-nos nos nossos próprios labirintos, ameaçados por insanos minotauros à espreita.

Exagero? Talvez. Mas se nenhum homem é uma ilha, também é verdade que a ilha tem, de vez enquando, ser visitada.

Para o Teseu, um *Bloga-me isto!

terça-feira, outubro 09, 2007

O tal Canal


Há poucos dias foi o primeiro aniversário do Porto Canal. Possivelmente, por muitos desconhecido, este canal transmitido a partir de Matosinhos, é feito com um forte sotaque do Porto e, já agora porque não, do norte (mesmo que isso muitas vezes não significa o mesmo).

É um canal visivelmente feito com parcos recursos mas largamente compensado por um grande coração, cheio de vontade de ser uma voz activa nesta empobrecida e sangrada cidade. A sua juventude, não só pelo tempo de vida mas também pela idade dos seus protagonistas, irradia alegria e originalidade em muitos dos seus programas. No panorama das nossas televisões, onde pouco se aproveita, este canal é uma lufada de ar fresco, com uma grelha onde existem programas como o “Humor Cão” e “Por um canudo”, do hilariante João Seabra, “Crónicas” dos historiadores Júlio Couto e Joel Cleto, e outros como “Voltas pela cidade”, “Porto Alive!”, “Sozinha da cidade”, “A bola é redonda” etc etc…

Aconselho todos a ver. Nem que seja dar uma oportunidade a esta gente que tenta dizer, com sotaque, que esta cidade tem vida própria, muito para dar, e que necessita de um canal para o demonstrar.

É com orgulho que digo para o Meu Canal, o Porto Canal, um *Bloga-me isto!...carago!
P.S. Eu gostava mais do antigo logotipo, com o anjinho!!!

sábado, setembro 29, 2007

Desproporcionado ou Despropositado?



Quem é que ainda não viu o episódio da entrevista do Pedro Santana Lopes a ser interrompida pela chegada do José Mourinho?

Aqui têm uma hipótese de ver.

Comentário: Bem, isto foi...ah...Não é que seja...ah... Bem vistas as coisas...ah... No fundo, no fundo....ah...ah... Bolas, foi mesmo mau! É um grande candidato ao 1º prémio dos bloppers da TV!!! Para a Somos Informação Caciqueira, o meu *Bloga-me isto!


domingo, setembro 09, 2007

Hora H


Tenho uma dúvida existencial. Uma observação cretina, possivelmente de quem não tem nada para fazer, mas que não deixa de ser uma dúvida.


Refiro-me aos anúncios publicitários dos relógios que utilizam sempre a mesma hora no mostrador. Mais exactamente, 10H10 (mais minuto menos minuto). Ou será 22H10? No entanto, não deixa de ser intrigante porque é que todos exibem a mesma hora.


Será que houve um convénio entre as empresas relojoeiras para decidir as horas a colocar, para não haver quem se adiante em relação às outras?
Ou será que as fotografias são tiradas, coincidentemente, à mesma hora?
Ou será algum presságio?
E mais estranho é notar que os anúncios lá continuam a aparecer, sempre com a mesma hora, e ninguém repara nisso??? Se ninguém repara, então porque insistir na hora???


Bem, se alguém souber, então que me elucide, nem que seja para dizer que é um fetiche sobre uma “spread eagle”…

Regresso ao futuro...

Exactamente.
Regressei doutro mundo, como quem diz, de férias.
Uma longa ausência como esta só pode ser porque se esteve de férias ou poderemos ser levados a crer que a vontade de aqui estar se esmoreceu, esqueceu ou ignorou.
Não. Queria voltar e talhar meus futuros passos por estas veredas.
I'm back!

quinta-feira, julho 19, 2007

Switch On


A irresistível leveza da fadiga, provocada por sucessivos golpes no lombo.

"Everybody hurts", sonhamos num sonho REM, mas com o azar dos outros, suporto eu bem.

A vida prepara-nos surpresas ao longo do percurso, ratoeiras bem montadas, para as quais nunca estamos preparados. Temos é de estar prontos para as mazelas. Normalmente as estocadas são sucessivas e contínuas, da esquerda e da direita, de baixo e de cima, até não podermos mais, e logo a seguir, mais um nos acerta como que dizendo “Touché”. É aí que nos temos de levantar, encarar a vida de frente, e dizer: “Não consegues melhor que isso?” O sorriso até pode ser desdentado, mas o esgar desarma qualquer um. Até para quem está sempre a fazer isso.

Tento ser assim. Mas nas alturas em que vamos ao tapete, mesmo sem pensar em atirar a toalha ao chão, pensamos sempre na campainha chamando para intervalo, naqueles breves momentos, fugazes mas retemperantes, em que possamos reunir os nossos cacos, procurar energias ocultas, chorar de raiva.
A vida afia-nos ou desgasta-nos? Quem me dera que fosse assim tão simples. É como sermos um interruptor: ora para cima ora para baixo. Mas se tivermos para baixo, que pelo menos seja na posição de luz ligada. *Bloga-me isto!

Verão o verão


É exactamente isto. Futuro do verbo ver, na terceira pessoa do plural.

O verão não é mais que uma miragem no horizonte, mas esta nem provocada pelas ondas de calor erradiantes. Apenas previsões...

Será que o S.Pedro não gostou das celebrações deste ano? A sardinha até estava óptima. Ou será que assim é mais seguro para as nossas florestas? É que nós para uma fogueirinha...

Pelo menos, até agora nem quero protestar muito porque ainda trabalho. Mas, no momento em que começar as minhas férias, será que é pedir muito um calorzinho?...

segunda-feira, julho 09, 2007

Rui matters


Após outro interregno, aqui regresso com uma notícia que deixou muito contente.


Sou muito crítico, aliás como qualquer pessoa relativamente bem informada e culta, sobre o estado em que nosso país se encontra. Deixo esse pensamento para um posterior post, o qual já se encontra no pipeline. Mas esta notícia rema contra a corrente e o protagonista dela também.


Tenho a honra de ser amigo do vencedor do 1º prémio do START - Prémio Nacional de Empreendedorismo, promovidos pelo BPI, Microsoft e UNL.


São de pessoas como o Rui Sousa que precisamos no nosso país. Espero que este prémio lhe dê o alento suficiente para que consiga "levar o barco a bom porto", e que a Stemmatters possa ser no futuro uma referência mundial nos biomateriais. Claro que o grupo dos 3B's, liderados pelo Prof. Rui Reis (do qual me orgulho igualmente de ter sido aluno e de ter sido por ele orientado no meu seminário de final de curso), estão também de parabéns pelo debito de conhecimento necessários a que esta futura empresa tenha sucesso. Mas, o passar da teoria à prática é muito difícil e isso deve-se ao Rui, tal como disse Joubert: "O génio começa as obras grandes, mas é o trabalho que as termina".


Daqui te dou os meus parabéns e anuncio ao mundo o teu feito.


Para ti, o meu *Bloga-me isto!

quarta-feira, junho 13, 2007

Um oásis no deserto

Aeroporto na margem sul do Tejo

Se há pessoa que nutro uma boa dose de antipatia é pelo ministro das Obras Públicas, Mário Lino. Pode-se comprovar, por exemplo, aqui.

Há pouco tempo, ele voltou a fazer das suas. Nada que não se pasme vindo de pitoresca figura que nos já causou, a todos, doses de elevada fruição com as suas sempre oportunas alcovitices.

Refiro-me, claro, à observação iluminada de que a margem sul do Tejo é um deserto. De facto, não compreendo o porquê de tanta indignação. O homem, de facto, tem razão e aliás tem trabalhado bastante para que se mantenha. Digo mais. Parece-me visionário o seu comentário, tendo em vista o conhecido avanço das areias do Sahara, quais exércitos dos antigos mouros, pelas planícies do sul da península Ibérica. Por tal, seria bem despropositado um elefante branco no meio de camelos. Só quem tem a vista toldada e desprovida de presciência, é que não concorda com ele. Ele próprio é um oásis no deserto do governo. Se não fosse ele de vez em quando a mandar umas bocas, isto não tinha piada nenhuma. Tome-se por exemplo a boca que ele mandou ao PM sobre ele pertencer à Ordem. Claro que as areias do Sahara têm a oposição de um D. Afonso Henriques, transmigrado em Mário Lino, a guardar a margem norte do rio Tejo, pelo menos na zona em que começam os esteios até ao oceano, naquela cidade onde se pensa que Ulisses perdeu as botas.

No fundo, penso que Mário Lino se está a candidatar a um lugar no Iraque. Percebe bastante de terrorismo, gosta de desertos e se aprecia as obras públicas, tem muito trabalho por lá. Se ele fez como causa pessoal a Ota, então espero que consigamos "bOta-lo" lá.

Para o nosso ministro mais “divertido”, o meu *Bloga-me isto!


Fim-de-semana prolongado...


Neste fim-de-semana que passou, prolongado para alguns (inclusive para mim), não foi o que se pode definir como agradável. O meu filho mais novo teve uma infecção, o que me obrigou a passar todos esses dias fechado numa enfermaria dum hospital no Porto, que não digo o nome, mas que tem S. João como padroeiro.
Para quem é pai, sabe as preocupações que envolve um filho ser internado e ainda mais quando se trata de um hospital que tem as condições que este tem. Com a agravante da bactéria rara que entrou em cena por lá, há poucos dias.
Contudo, e em abono da verdade, e talvez pelas expectativas serem baixas, o fardo até nem foi muito pesado. Não pelas instalações, que são péssimas, mas pelas pessoas, sobretudo das enfermeiras. E é tão importante, a este nível, que a trato pessoal seja excelente, não só porque o estado de ansiedade é grande, mas porque pode compensar o deficit de conforto oferecido pelo local.
É certo que criticamos muitas vezes o pessoal médico e afins, mas neste local, numa pediatria algures num hospital no Porto, as coisas até correm bem.
Claro que após uma análise mais profunda, tenho de afirmar o que concluí.
O pessoal hospitalar nestes locais apoia-se sobretudo em pessoas novas e sem emprego garantido.
No caso dos médicos, são os de regime de internato, obviamente orientados por médicos experientes, mas que ainda não possuem a natural indiferença e arrogância que atingem após alguns anos disto. Espero que a nova geração tenha um pouco mais de sensibilidade e que cresçam, não só em termos técnicos mas em humanidade, que tanto ajuda a recuperação dos doentes.
No caso dos enfermeiros, a maioria são estagiários, sem garantia que após a sua conclusão, fiquem nos quadros do hospital. É muito badalada a segurança do emprego na função pública e dos seus efeitos na produtividade do seu trabalho. Quem não se sente aquela zona de desconforto, de insegurança, dificilmente luta pelo lugar. Ora, o aparente excesso de enfermeiros no mercado de trabalho, talvez tenha alguma influência na sua performance. E com isto, não só ganham os utentes porque ficam mais bem servidos, e de uma forma geral, a qualidade dos serviços que são prestados, mesmo que as condições físicas do local não sejam abonatórias.
Isto poderia ser um bom exemplo para o resto do funcionalismo público, para aqueles em que os direitos são intocáveis e que são incompetentes nos seus postos, ver colegas, que talvez por estarem numa zona de desconforto, tornam a vida dos utentes mais agradável, ou seja, fornecem um serviço com mais qualidade.
O meu *Bloga-me isto! a (quase) todos os que na Pediatria B do hospital S. João cuidaram do meu filho.

quinta-feira, maio 31, 2007

Bis...Bis


Venho atrasado para a festa? Não, o campeonato festeja-se quando há tempo, e até ao lavar dos cestos é vindima.


Apesar de muito sofrido, mesmo no último jogo, o "caneco" ficou aqui.


Pode dizer-se muito, mas não se pode dizer que houve batota. Que se ganhou porque os árbitros não notavam nas inclinações dos campos, que o "Papa" sempre que abria a boca era para assustar, ou que foi sorte. Ganhamos porque no final tivemos mais pontos, porque fizemos uma primeira parte do campeonato imparável, dando os pontos suficientes para os outros, quando nos olhassem, era sempre para cima. Vitórias morais, como ouvi alguns dizer, é para quem fica em segundo.


Ficam os votos para o próximo ano de ganharmos o "tri", e se possível, com mais rapaziada das escolinhas, e menos samba e tango.


BICAMPEÕES F.C. PORTO!!!


*Bloga-me isto!

Tenho andado distante do meu cantinho, mas nem por isso está esquecido.
Antes de escrever aqui, hoje, a minha saudação!

*BLOGA-ME ISTO!

terça-feira, maio 15, 2007

1000


Hoje reparei que o meu blog foi visitado 1000 vezes.

Não é muito comparado com a maioria dos blogs. Nem é pouco comparado com a minha ambição aquando do início desta aventura na blogosfera.

É apenas um número simbólico. Redondo.

Mas que me deixa feliz porque o que verto para este sítio, é do próprio líquido que me constitui.

E se, como Séneca dizia "O prémio da boa obra é tê-la realizado", o meu prémio é poder partilha-lo com toda a gente que o visita.

Obrigado e *Bloguem-me isto!

"Sei os teus seios"

Sei os teus seios.
Sei-os de cor.

Para a frente, para cima,
Despontam, alegres, os teus seios.

Vitoriosos já,
Mas não ainda triunfais.

Quem comparou os seios que são teus
(Banal imagem) a colinas!

Com donaire avançam os teus seios,
Ó minha embarcação!

Porque não há
Padarias que em vez de pão nos dêem seios
Logo p'la manhã?

Quantas vezes
Interrogastes, ao espelho, os seios?

Tão tolos os teus seios! Toda a noite
Com inveja um do outro, toda a santa
Noite!

Quantos seios ficaram por amar?

Seios pasmados, seios lorpas, seios
Como barrigas de glutões!

Seios decrépitos e no entanto belos
Como o que já viveu e fez viver!

Seios inacessíveis e tão altos
Como um orgulho que há-de rebentar
Em deseperadas, quarentonas lágrimas...

Seios fortes como os da Liberdade
-Delacroix-guiando o Povo.

Seios que vão à escola p'ra de lá saírem
Direitinhos p'ra casa...

Seios que deram o bom leite da vida
A vorazes filhos alheios!

Diz-se rijo dum seio que, vencido,
Acaba por vencer...

O amor excessivo dum poeta:
"E hei-de mandar fazer um almanaque
da pele encadernado do teu seio"

Retirar-me para uns seios que me esperam
Há tantos anos, fielmente, na província!

Arrulho de pequenos seios
No peitoril de uma janela
Aberta sobre a vida.

Botas, botirrafas
Pisando tudo, até os seios
Em que o amor se exalta e robustece!

Seios adivinhados, entrevistos,
Jamais possuídos, sempre desejados!

"Oculta, pois, oculta esses objectos
Altares onde fazem sacrifícios
Quantos os vêem com olhos indiscretos"

Raimundo Lúlio, a mulher casada
Que cortejastes, que perseguistes
Até entrares, a cavalo, p'la igreja
Onde fora rezar,
Mudou-te a vida quando te mostrou
("É isto que amas?")
De repente a podridão do seio.

Raparigas dos limões a oferecerem
Fruta mais atrevida: inesperados seios...

Uma roda de velhos seios despeitados,
Rabujando,
A pretexto de chá...

Engolfo-me num seio até perder
Memória de quem sou...

Quantos seios devorou a guerra, quantos,
Depressa ou devagar, roubou à vida,
À alegria, ao amor e às gulosas
Bocas dos miúdos!

Pouso a cabeça no teu seio
E nenhum desejo me estremece a carne.

Vejo os teus seios, absortos
Sobre um pequeno ser.

Alexandre O'Neill

Sei-os ... e por isso *Bloga-me isto!

domingo, maio 06, 2007

Mãe


Texto que o meu filho deu à Mãe.

Diz tudo.

Dedico à minha, à dos meus meus e a todas do mundo!



A Mãe é uma árvore

E eu uma flor.

A Mãe tem olhos altos como estrelas.

Os seus cabelos brilham como o sol.

A Mãe faz coisas mágicas: transforma

farinha e ovos em bolos, linhas em

camisolas, trabalho em dinheiro.

A Mãe tem mais força que o vento:

carrega sacos e sacos de supermercados e

ainda me carrega a mim.

A Mãe quando canta tem um pássaro na

garganta.

A Mãe conhece o bem e o mal.

Diz que é bem partir pinhões e partir

copos é mal.

Eu acho tudo igual.

A Mãe sabe para onde vão todos os

autocarros, descobre as histórias que

contam as letras dos livros.

A Mãe tem na barriga um ninho.

É lá que guarda o meu irmãozinho.

A Mãe podia ser só minha.

Mas tenho de a emprestar a tanta gente...

A Mãe à noite descasca batatas.

Eu desenho caras nelas e a cara mais

linda é a minha MÃE!


*Bloga-me isto!

sexta-feira, abril 13, 2007

Engenhocas



Tinha de falar disto. Não que me faça perder o sono, mas talvez perder algum do respeito que tinha pela classe política e na (pouca) fé que eu tinha nas pessoas que gerem a res publica. Refiro-me à história da licenciatura (ou não) do PM.

Já o seu homónimo dizia “Só sei que nada sei” e no fundo, após a entrevista desta semana na RTP, ficamos de facto a saber nada. Ou melhor, nada mais do que já sabíamos. Era óbvio que o PM não iria dizer que não tinha licenciatura. Era óbvio que se iria vitimar levando este episódio para o cenário de cabala, conspiração e insulto. E era óbvio que os documentos iriam aparecer, mesmo que alguns não tivessem data.

O que ficou por explicar, no meu entender, foi se realmente houve ou não, favorecimento. Isto é, se outros alunos tiveram o mesmo tratamento que o PM teve nesta aventura académica. Porque, disso ele não se livra, que é de parecer que a sua licenciatura foi uma fantochada. Para acaba-la, ter de fazer apenas cinco cadeiras, quatro dadas pelo mesmo professor e outra pelo próprio reitor, com o certificado passado num domingo (para quê?), não necessitar de apresentar as cadeiras feitas na escola anterior, e não achar isto estranho, é realmente hilariante. E dar como justificação a escolha da UNI porque era perto do ISEL, ajuda a fanfarra. Se fosse por ser perto do Ministério do Ambiente ou perto de casa, ainda se entendia por ser pós-laboral, mas porque era perto da antiga escola???

O facto de se ter intitulado, antes de o ser, engenheiro, não é mais do que a personalidade saloia de tantos outros nossos conterrâneos. Conheço vários que se apresentam, eles próprios, com os títulos. Agora, o que realmente me apoquenta, é o carácter da personalidade que se não incomoda de realizar um curso nestas condições.

Outra faceta interessante no Sócratesgate foi ver a interacção entre a comunicação social (CS) e o poder. É conhecido o fascínio que a CS têm a este PM, pela máquina de propaganda montada. Mas os telefonemas “normais” para fazer pressões “normais”, alguns pelo próprio PM para abafar a história, é sintomático. E no fim, a própria CS achar que tudo foi explicado, no mínimo, é confrangedor. Gostaria de ver este tratamento com os partidos da direita, mas isso seria anti-democrático, não seria?

E assim vamos vivendo nesta terra de brandos costumes.

Deixo um pensamento de Einstein:
“É fundamental que o estudante adquira uma compreensão e uma percepção nítida dos valores. Tem de aprender a ter um sentido bem definido do belo e do moralmente bom.”
Acho que o génio não estaria a pensar no nosso PM… Talvez a falar assim, não fosse escolhido para o Plano Tecnológico!
*Bloga-me isto!

sexta-feira, abril 06, 2007

Pegadas na areia...


Uma noite tive um sonho.

Sonhei que andava a passear na praia com o Senhor e, no firmamento, passavam cenas da minha vida. Após cada cena que passava, percebi que ficavam dois pares de pegadas na areia: um era o meu e o outro do Senhor.

Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia. Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso aborreceu-me deveras e perguntei então ao Senhor:

- Senhor, Tu disseste-me que, uma vez que resolvi seguir-Te, Tu andarias sempre comigo, em todos os caminhos. Contudo, notei que durante as maiores tribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque é que, nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu deixaste-me sozinho.

- Meu querido filho, jamais te deixaria nas horas da prova e do sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exactamente aí que peguei em ti ao colo.


Uma Santa Páscoa!

quarta-feira, abril 04, 2007

Frase do dia V

"Não somos responsáveis apenas pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer."
Molière

Parar, olhar, arrancar...


Tenho andado desinspirado...

O que me sai, sai espartilhado.

Quando olho em frente, caio de olhar para o lado.

E o que toco, não parece ficar marcado.


Há fases assim.

Não que seja por nada, é porque sim.

Pode falhar algo em mim,

Nem tudo pode sentir como o cetim.


Vou atrás, vou ver o que escrevi.

Releio frases, comentários, recordar-me de ti.

Ambicionar definir tudo o que li

Trilhar o caminho que escolhi.


Agora embrulho, está listo.

Continuarei como nunca visto.

O futuro que vou e conquisto.

Anda, Bloga-me isto!

quinta-feira, março 22, 2007

Do Baú das Memórias...

Até parecia que sabiamos cantar e tocar...

terça-feira, março 20, 2007

Ode ao Porto

Foto: Adriano F.

Vejo-te como a minha aldeia
Cor cinzenta cheia de cor
Cheirosa fragrância de dor
Do forte refúgio da ameia.

És invicta em nossos corações
Que vivemos da tua força
Pela diária peleja que reforça
A vitória inscrita nos brasões.

São as tuas trabalhadoras gentes
Mãos calosas arrancadas da terra
Aventureiras na paz e na guerra
Com orgulhos no peito refulgentes.

Parideira da luz do pensamento
Das artes, da cultura e da ciência.
A história cobriu-te de sapiência
Do engenho em contínuo movimento.

Teus edifícios de granito fundados
Arrancados da rocha que te sustenta
É parte da dureza que te alimenta
Dos Clérigos e Burgueses por ti amados.

Daqui Portugal foi antevisto.
Fizeste das tuas tripas, coração.
Assim, no futuro, seja tua missão.
MEU PORTO, Bloga-me isto!

segunda-feira, março 19, 2007

Pai


Parece que foi ontem que apareci

Assim, como que não quer coisa.

Inventei-te uma nova realidade.


Passa-se o tempo, a correr

Antagonizando o que queríamos viver

Inevitavelmente, a realidade é dura.


Passa-se, mas tu perduras.

Alma e sangue que me percorre

Interiorizado no meu ser.


Pai, és herói.

Assim és para mim.

Incarno o teu exemplo!


*Bloga-me isto!

sexta-feira, março 16, 2007

New Look

Não foi usado botox nem sequer fui a uma "Corporacion Dermostética".

Apenas um refreshment no look, porque ao fim de algum tempo temos de mudar.

Obrigado ao meu irmão Tiago pela ajuda.

Espero que gostem...*Bloga-me isto!

quinta-feira, março 15, 2007

Doomo

Tive a visita de alguém no Japão, um dos meus países de eleição.
A essa pessoa:

Ohayoo Gozaimasu
Watashi wa Francisco desu
Hajimemashite.

Bloga-me isto!

At my House...


23:05.

Não é uma data, nem tão pouco uma hora qualquer. É a hora da minha série de culto.

As minhas noites, nos últimos anos, não se têm passado, de uma forma preferencial, muito tempo à frente da televisão. Até porque este objecto se me apresenta, ultimamente, mais soporífero que um valium. Ora, um gajo tem 50 e tal canais para ver, e tantas vezes, no resfolgar no sofá, pés em cima da mesa do centro, dedal de whisky à mão de semear, chega-se à incrível conclusão que nenhum vale os electrões despendidos.

Mas eis que, no princípio deste ano, algo apareceu que, confesso, me tem tornado a minha recolha nocturna mais agradável. O canal Fox, às 23:05, dá a série House M.D.
Lembro-me que a TVI passou em tempos este pedaço de momento bem passado. Ninguém provavelmente via, a não ser que fosse um mocho ou morcego, sonâmbulo ou com insónias. Era muito tarde. Normal. Às horas decentes baixa-se o nível para aumentar o interesse. Mas não do meu.

O Dr. Casa, para os amigos, é sublime. Cada episódio é um enigma por deslindar, através do tema sempre interessante que é o nosso próprio corpo. Mas é muito mais do que isso. Muito mais do que a genialidade de House, qual Sherlock Holmes na Londres do nosso organismo. É o enredo, a profundidade das personagens, todas orbitando na personalidade de House. Os próprios doentes não se resumem ao saco de doenças estranhas, mas eles próprios representam o quotidiano das nossas vidas, a fragilidade da nossa existência, a complexidade do nosso ser e vivência.

Ele, o House, à primeira vista, é tudo menos um ser cativante. É convencido, cínico, racional e frio, aleijado, arrogante, que maltrata as pessoas. Mas, no entanto, damo-nos connosco a querer humanizar este ser, que no fundo é assim para se proteger, transparecendo qual é o seu fundo, o seu humor, a sua arguta inteligência e a sua extrema dedicação aos “seus doentes”.

Dou-me comigo a desejar chegar a hora para me sentar no sofá, envolto na manta reconfortante do prazer de um momento bem passado.

House, para ti, o meu Bloga-me isto!

segunda-feira, março 05, 2007

Frase do Dia IV

"O pessimista queixa-se do vento, o optimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas"
Willian George Ward

Skippy that...

Esteve para voar, esteve...


Depois de uma série de tentativas frustradas, ao longo de uma série de tempo que nem me atrevo a medir, resolvi escrever este texto, como tubo de escape.
A génese da minha frustração é a placa Kanguru, da família desses milagres da tecnologia que nos ligam, em qualquer lugar, ao virtual mundo da Internet. Claro que, e disso espelha a própria origem deste desabafo, ligam quando nos ligam…

Em terras familiares, como quem diz, em Portugal, a conexão já se pode dizer que é razoável. De uma forma lenta e arrastada, não pode ser muito longe de uma janela e de preferência perto de uma antena. Ora, isso reduz substancialmente o nosso raio de acção mas, pelo menos, vai existindo. Agora, se nos aventuramos para lá das nossas fronteiras, passam a ser bonitos artefactos de portátil, tornando o utilizador apenas em “pessoa do seu tempo”, “com fama mas sem o proveito”.

Após dois dias no estrangeiro, sem nenhuma vez consegui-lo ligar, ainda pensei em ver se o Kanguru “saltava”. Controlei-me, porque restava-me a fama. Agora, quanto ao proveito, pergunto-me: “Se o meu telemóvel funciona, por que raio é que esta merda não liga??!!”

Senhores das placas, uma anedota para a vossa “anedota”:
“Havia uma rapariga que terminou o curso e os pais, para a felicitarem, deram-lhe respectivamente, uma plaquinha de ouro, para pôr na porta, com o nome dela; e uma plaquinha de prata, para pôr em cima da mesa, também com o nome dela. O namorado, que era um teso, deu-lhe uma placona acima...”

Agora, já sabem onde podem pôr as vossas placas!!! Bloguem-me isto!!!

P.S. O texto foi escrito sexta-feira (dia 2), no aeroporto de Girona, após dois dias de uso inexistente da placa. As minhas desculpas aos mais sensíveis.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Desatino...


Fui desafiado a falar sobre um tema: "Amigos coloridos".

O desafio vai soar mais a desafino, porque deve-se falar com propriedade, como quem tem experiência e, de facto, sou bem ignorante nessas amizades. Quanto mais seriam "Amigas coloridas", mas mesmo nessas, o número de sabedorias são zero! Portanto, de desafio, passou para desafino, acabando em desatino.

Agora que me apresentei, devo dizer que acho curioso o tema. Sobretudo, pela evolução que sofremos ao longo da vida. Em bebé, imagino que partilhar a chupeta será o apogeu; na infância, o mais perto será brincar com os Molins; em adultos, só se o latex tiver sabores; e por fim, na velhice, o mais colorido que se arranja é o "azul"...

Imagino que além da cor, essas amizades deveriam ser também classificadas pelo brilho. A sua intensidade ordena as prioridades, o que poderá facilitar se forem várias essas relações. Claro que a classificação "A minha amiga colorida brilhante" ou "A minha amiga colorida baça" é um pouco mais longa, mas também damos rigor ao conteúdo.

Como na fotografia e na televisão, também aqui me parece normal este progresso. A passagem do preto-e-branco para a cor foi revolucionária. Contudo, o próximo passo na evolução é nitidamente um retrocesso e julgo que não irá ocorrer. Prevejo que a era da digitalização seja um fracasso. Já Cícero dizia: “A amizade começa onde termina ou quando conclui o interesse”.

Para rematar, o nobel Tagore deveria ser um adepto deste tipo de amizade. Deixo à consideração umas palavras ditas por ele:

“A verdadeira amizade é como a fosforescência: nota-se melhor quando tudo ficou às escuras”…

Palavras para quê. Bloga-me isto!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Ah que dia!





Há dias assim…

Há dias em que as varandas na nossa vida não são locais de observação, mas de abissofobias. Em que o frio lá fora não é vicissitude da meteorologia, mas das correntes de ar da nossa alma. E a música que ouvimos não é o Bolero de Ravel, mas o Requiem de Mozart.

Há dias que são anos, longos, vagarosos e pesados, como uma gravidade em Júpiter. Como o tempo em Einstein.

Canta-me, ó musa da fortuna. Traz-me, nos teus braços dourados, o toque de Midas, servido numa bandeja. Sopra-me. Insufla-me o peito com o doce ar do teu bafo. Dá-me a beber a água de Lete, para que me embriague nela, e amanhã seja outro dia. Bloga-me isto!



sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Ode ao Vinho


Ambrósia dos deuses.
Néctar fermentado do fruto da videira.
Por ti, vomitamos a verdade. Por ti, vagueamos num limbo, algures entre a razão e a imaginação. Contigo, regozijamos a alegria e a tristeza, afogamos as lágrimas e as gargalhadas, prevemos o futuro e perdemos o rumo.
Baco acolheu-te, abençoou-te, brindou-te contigo próprio, despojando-nos dos nossos corpos elevando a nossa alma. Saúde aos nossos copos.
Exilir da juventude, sem similitude, na atitude que provoca.
Branco da pureza, tinto da natureza, do sangue arterial que rola e circula nas gargantas, pândegas, ou apenas festivas.
Da cor do limão, da cor da palha, sua graciosidade espalha. De violeta pálido a rubi intenso, o universo imenso, emerso no cálice opulento.
Aroma a frutos, silvestres, secos, frescos, o bouquet servido no frio do frappé.
Com carvalho, gaulês ou luso, muita, pouca tosta, para quem gosta. E no fim, a adstringência no encorpado longo, talvez, mas sempre a sensação de que melhora, que abre, e que nos espera, no leito, a doce azia, até à próxima epopeia, deste deleite que é o Vinho. Bloga-me isto!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Positivamente Não!

Foto: Feto com 10 semanas


Muitas vezes, na nossa vida, somos chamados a tecer as nossas opiniões sobre as questões da sociedade, a sermos interventivos na evolução das suas próprias directrizes, que moldam o nosso modus vivendi, mas poucas vezes somos chamados a intervir para defender o mais básico, elementar e sagrado que uma nação tem: o ser humano.
É para isso que servem as leis, é para isso que se escreveram os direitos do Homem, é para isso que nos revoltamos pelas atrocidades que, diariamente, assistimos de uns (os mais fortes) exercem sobre outros (os mais fracos), e impunemente ficam.

No dia 11, seremos chamados a defender essa vida. Nesse dia, sim, teremos a opção de transformar a nossa sociedade numa que defende os mais fracos, aqueles que estão completamente desprotegidos, numa outra, pela via da desresponsabilização, seja permitido que seres humanos possam decidir se outro vive ou não.

Não haja dúvida disto. Com 10 semanas, um feto já é vida. E nada melhor que a mãe para saber disso. Com 18 dias, o coração já bate. Com 6 semanas já tem actividade cerebral. Com 10 semanas, já tem braços, pernas, olhos, orelhas, nariz… Não se vê. Está escondido. Protegido. Provavelmente, se fossemos marsupiais, custaríamos mais de esmagar a “larvazinha” que se desenvolvia na bolsa da mãe. Mas, paradoxalmente, a Natureza seleccionou-nos e fez com que evoluíssemos dentro do útero da mãe, onde os “predadores” mais dificilmente chegam. Chegavam!!!

Para quem é defensor do “Não” no referendo, esta é a questão fundamental. A defesa da vida humana. Não é por capricho, não é desprezo pela mãe que aborta, nem é por religião alguma… É porque existe vida e nós a eliminamos por este meio.

Invariavelmente, a defesa do “Sim” acaba por referir a penalização da mãe por fazê-lo. Se uma mãe rouba para alimentar o filho, estará a fazê-lo contra a lei. Se é condenada por isso, dependerá do juiz que a julgar, mas não conheço nenhum parágrafo no código civil que despenalize a mãe por roubar se estiver a alimentar o filho faminto. E, de certeza, que a razão daquela que rouba não deixa de ser mais nobre do que aquela que aborta.

Curiosa é a posição do pai nisto tudo. Grande parte das vezes a mulher aborta por imposição do pai, que não quer o filho. Em vez da utilização de contraceptivos, obviamente vai haver mais possibilidade de obrigar a mãe a abortar, porque é permitido, com claras e conhecidas consequências negativas para ela. Mas o contrário também é contraditório. Se o pai quer a criança, e a mãe não, este não tem nenhuma palavra a dizer. Mas terá se ela nascer, exigido por lei, que lhe dê nome e pensão de alimentos, entre outros.

Ridículo é a utilização do argumento que as mulheres são donas da sua barriga. É verdade! Mas não são donas da vida da criança que estão a gerar. O livre arbítrio, a liberdade acaba no momento em que a própria liberdade dos outros é afectada. O contrário é libertinagem.

Por isso, o meu “Não”. Tenho comiseração por aquelas mulheres que são obrigadas a abortar por uma sociedade que a discrimina, por um companheiro que a maltrata, por um patrão que a despede, mas não posso aceitar que a promulgação de um acto criminoso seja a sua solução. Porque não o é. É como tapar o sol com uma peneira. A lei protege mais, neste momento, essas mulheres exactamente por ser proibido e ser uma forte razão, e um argumento, para não o fazer. Não irá acabar com os abortos clandestinos porque a razão de existirem não é combatida. Irá enriquecer algumas pessoas dentro da classe médica, que faltarão ao próprio juramento de Hipócrates, que normalmente são o refugo, os que menos valem, porque não têm escrúpulos. E cria-se uma nova forma de contracepção, a par dos preservativos e pílulas: o aborto.

Quem realmente poderiam ter essa opção de viver, ou não, seriam os bebés. Mas esses não votam. A esses nem sequer se quer dar algo que deveria ser o mais elementar direito de qualquer pessoa, por mais dura seja essa realidade: o direito à vida!
Não Bloguem-me isso!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Ler com cadência...


Existência.
Consciência por um rasgo de inteligência.
Não é ausência, mas a essência da nossa vigência.
Uma ciência, sem paciência, pela exigência da nossa independência da sua eminência.
A vivência, sem maledicência mas por vezes duma maleficência que ultrapassa a sua magnificência. E para a sua eficiência, sem pendência, nem vidência, a evidência da sobrevivência, apesar da deficiência pela dependência da sua sapiência.
Na arrogância, a prepotência para a violência.
Na ignorância, a iminência da insipiência, a inocência em potência.
Mas na desinência, a penitência da resistência da persistência sem desistência, que a sua reminiscência tem pertinência, e a paciência pela impertinência da refulgência da Existência (reticência) Bloga-me isto!

terça-feira, janeiro 16, 2007

Os que partem e os que ficam



Qualquer separação é difícil. Para ambas as partes. Pressupõe uma divisão. E dividir é sempre inferior que multiplicar ou somar. Mas é inevitável. Todos os dias separamo-nos nas mais pequenas coisas e nem sequer damos conta. É a cama que fica, tão quentinha neste tempo; dos nossos chinelos, que dão bem mais conforto que estes sapatos; do livro que fica na mesinha de cabeceira, que está mesmo na melhor parte; da nossa família, que tem outros afazeres; e de uma miríade de outras coisas que nos sabem bem, mas o dever nos chama.

Assim é igualmente nas partidas. Os que embarcam e os que ficam aterrados. Não de terror mas de pena por não irem também. E a pena que escreve, de longe, tremeluzente na chama da saudade também sofre. É sempre difícil separar. Para qualquer. E a discussão estéril de quem sofre mais, perde-se na mesma solução do ovo e da galinha. Sofre-se. E sente-se, paradoxalmente, que a distância só encurta se essa dor se mantiver.

Quem fica, tem a companhia dos outros, solidários no vazio e nas palavras de apoio, mas o dia-a-dia, que pesadamente se arrasta na rotina, é ácido que corrói devagarinho.
Quem vai, tem o horizonte longo e largo, da novidade satisfeita, do desafio estimulante. Mas cedo a soledade saudosa aperta e as paredes do quarto sufocante são celas a quem se confessa tudo.

Mas, tempos virão em que tudo se mitiga, nem que seja pelo regresso certo, e do abraço caloroso ao filho pródigo, a quem tudo se perdoa.

Para ti, brother, que foste e nós que ficamos, o nosso Bloga-me isto!

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Secret smile

There is no vacancy
In my heart's space.
It's your supremacy,
Tided up with a lace.
Searching in my deepness,
you find common places.
Opened with shameless,
Blended with senses.
For what reason you seek,
to your lodging in here.
The glass is not so thick
and the motive is so mere.
You earned it fully.
You spent it everyday.
You speak to me silently,
when is nothing else to say.
Our love is no secret.
Seal it with a kiss.
In here, I announce it.
Please, Blog me this!

sexta-feira, janeiro 05, 2007


Só...
No canto da minha alma, onde aranhas teçam propriedades, de luz rarefeita, encontro o espaço que falta da plenitude da vida. Tudo aquilo onde a vida vivida, sofrida ou amada, não alcança, porque é demasiado grande para lá caber. Todos o temos, mas poucos o usam. Não que seja inabitado (pelo menos, as aranhas sempre estão lá), mas o tocar-lhe é difícil. Há sempre qualquer coisa que impede a passagem. "Não fiques só" parece dizer. "Mas eu quero" eu necessito.
A soledade não é algo que se atinge com um golpe de asa, com um rasgo de energia, ou com uma oportunidade criada. É uma cama que se faz, é um tesouro que se guarda e se admira amiúde, é um segredo dito a um poço sem fundo, é um eco que tarda a regressar.

O estado desta nossa individualidade tem custos. Tem a necessidade de um sobranceiro afastamento da realidade que nos rodeia, de uma circunstância de quase hibernação ou de retiro qual eremita ou anacoreta. E isso, afasta-nos dos mais chegados.

Utiliza-lo, a esse cantinho, tem custos, mas o quociente da operação tem um surplus garantido. Ganhamos um pouco mais de espaço que perdemos noutros lugares. E isso, no fim, garante um balanço, um equilíbrio o qual todos procuramos e desejamos atingir. Bloga-me isto!

quinta-feira, janeiro 04, 2007

MMVII


Chegou o novo ano.

Chegaram novos limites e novas aspirações, ambos velhos, mas reforçadas de desejo de concretização.

A mudança de ano lança-me sempre numa senda de me tornar melhor, de mudar vis hábitos, de transformar certas atitudes, de alcançar novas metas. Ano após ano, quero acreditar que assim acontece, se não todos os votos, pelo menos parte deles, que me tornarão uma melhor pessoa. Não quero ser lírico, até porque mudar coisas em nós é mais difícil que mudar um político dum tacho, visto que o factor de mudança não deixa de ser o próprio alvo (isto se o factor não tiver alguma alavanca). Contudo, o desejo está lá e não o devemos esmorecer.

Este ano será para os chineses o do porco. Segundo os nossos orientais amigos, o "porco" é de personalidade divertida e iluminada abençoada pela paciência e compreensão, além de ser muito altruísta. Ora, nada melhor que desejar-me e a todos que sejamos todos uns "porcos" este ano.

Já agora, desejar que alguns porcos, que por ai andam, sejam mais limpos.

Para ti, 2007, que agora nasceste, o meu Bloga-me isto!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Natal


Adoro o Natal.

Esta época em que se tenta, de alguma forma, tocar em certos pontos que a humanidade, em geral, se esqueceu. Não é todos os dias, mas pelo menos é num em especial.


No entanto, o elan que tinha o meu Natal de infância é diferente agora.

Lembro-me da magia das luzes que me ofuscavam, da paz das cantilenas, do frio que me aquecia o coração, do Natal dos hospitais, do sapatinho debaixo da árvore, do meu "cordeirinho" no nosso presépio.


Hoje é diferente. Diria que é um Natal da abundância. Em que tudo é demais e em demasia.

Lembrei-me hoje dum Natal em especial, em que os meus pais, por ter sido um ano difícil, nos disse que as prendinhas eram poucas. Mas para mim, ainda hoje foram muitas. E dei comigo a pensar que aquele Natal foi especial, não porque foi pobre, mas porque as prendas valeram mais, valeram pelo espírito do verdadeiro Natal. Em o que interessa é o gesto e não o tamanho da mesma. E não me esqueço que quando Jesus nasceu, foi em palhinhas e não num berço de ouro.


Desejo ao mundo o dobro que desejo-me a mim. Um Santo Natal!Bloga-me isto!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

terça-feira, dezembro 12, 2006

Frase do Dia III

"Se a escada não estiver apoiada na parede correcta, cada degrau que subimos é um passo mais para um lugar equivocado."
Stephen Covey

Vivemos num tempo...


Vivemos num tempo em que tudo se processa com o chamado "pé atrás". Imagino que isso se deva a uma precaução de segurança, que decorre da dita segurança ser insegura. Passa pelas actividades normais diárias, como andar de carro, passear o cão, levantar dinheiro no Multibanco, até às próprias relações humanas, em que somos levados a provar que somos “normais” e não o contrário, como seria expectável (claro que tem de se explicar o que é ser normal também…).
Que raio de sociedade é que estamos a construir? Que sensação de liberdade é esta, que muitos propalam, mas que no dia-a-dia estamos constantemente a violar? Que sensação de liberdade é esta que as fechaduras de nossa casa são tantas que os nossos porta-chaves mais parecem os carrilhões da Torre dos Clérigos? Que sensação de liberdade é esta que olhamos para o nosso semelhante com a ideia de ser um “predador” de qualquer tipo e só após o conhecermos (bem) é que confiamos nele?
Estaremos mais seguros que no passado, só que são desafios diferentes ou realmente estamos a criar muros cada vez mais altos porque temos “Medo”? E qual a origem desse “Medo”? E quem é que é responsável pelo “Medo”, que logo, é o único que nos pode livrar desse “Medo”? Porque temos “Medo”?
Porque nos escondemos atrás de máscaras? Porque não podemos mostrar quem realmente somos? Porque é cada vez comunicamos mais, e há mais tecnologia nesse sentido, mas cada vez nos isolamos mais e nos sentimos mais sozinhos? Porque é que cada vez mais se gosta de protagonismo mas, no entanto, a nossa privacidade tem de ser respeitada? Porque é que cada vez mais se renega Deus, mas depois fica aquela sensação de vazio? E como preenchemos esse vazio?
São apenas perguntas. As respostas, cada um deve ter. Dentro dessa privacidade que cada um gosta. Bloga-me isto!